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Juiz do Canadá declara como culpado assassino em série de mulheres indígenas

Para tentar livrá-lo da condenação, a defesa alegou que Skibicki tinha esquizofrenia, mas os promotores afirmaram que seus atos tinham motivação racial

Agência O Globo - EXTRA 11/07/2024
Juiz do Canadá declara como culpado assassino em série de mulheres indígenas
Juiz do Canadá declara como culpado assassino em série de mulheres indígenas - Foto: Reprodução/internet

Um juiz declarou nesta quinta-feira culpado por assassinato em primeiro grau (crime com planejamento), passível de condenação à prisão perpétua, Jeremy Skibicki, de 37 anos, que matou quatro mulheres indígenas na província canadense de Manitoba. Para tentar livrá-lo da condenação, a defesa alegou que Skibicki tinha esquizofrenia, mas os promotores afirmaram que seus atos tinham motivação racial e que ele nunca havia sido diagnosticado com a doença mental.

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Muitos aplaudiram e choraram no tribunal quando o juiz leu seu veredicto, segundo a BBC. A emissora contou que Skibicki não reagiu quando o juiz Glenn Joyal, do Tribunal de Justiça de Manitoba, leu o resumo de sua sentença na manhã desta quinta-feira.

O veredicto é um alívio para as famílias das vítimas, que disseram que o caso destaca a violência contra as mulheres indígenas no Canadá. Em todo o país, as mulheres indígenas têm 12 vezes mais risco de ser assassinadas ou de desaparecer do que outras mulheres, de acordo com um inquérito de 2019.

Com a potencial condenação de Skibicki à prisão perpétua, o foco agora muda para encontrar os restos mortais de duas de suas vítimas, que podem estar em um aterro sanitário de Winnipeg, na região central do país. As vítimas de Skibicki são Morgan Harris, de 39 anos, Marcedes Myran, de 26, e Rebecca Contois, de 24. A quarta mulher que foi morta ainda não foi identificada e recebeu o nome de Mashkode Bizhiki'ikwe, que significa Mulher Búfalo, pelos anciãos indígenas.

De acordo com os documentos do tribunal, o assassino matou as mulheres entre março e maio de 2022, e acredita-se que a Contois tenha sido a última vítima. Ele conheceu pelo menos duas delas em abrigos locais para sem-teto em Winnipeg, uma cidade de 820 mil habitantes na província das pradarias.

Durante o julgamento, que durou semanas e foi conduzido apenas por um juiz, o tribunal ouviu que Skibicki agrediu as mulheres, estrangulou-as ou afogou-as e depois praticou atos sexuais com elas antes de desmembrar seus corpos e descartá-los em latas de lixo.

Os assassinatos passaram despercebidos por meses, até que um homem que procurava sucata, na lixeira que ficava do lado de fora do apartamento de Skibicki, encontrou restos humanos parciais em maio de 2022 e chamou a polícia: "Ela obviamente foi assassinada", disse o homem na ligação para o 911, que foi reproduzida no tribunal. A polícia conseguiu identificar os restos mortais como sendo os de Contois, e mais deles foram descobertos em um aterro sanitário administrado pela cidade no mês seguinte.

De acordo com a BBC, em entrevistas com a polícia logo após sua prisão, o assassino em série surpreendeu os policiais ao admitir ter matado a Contois, bem como três outras mulheres. Seus advogados tentaram argumentar que ele não estava ciente da gravidade de suas ações devido a delírios causados pela esquizofrenia. Eles disseram que ele ouvia vozes que lhe diziam para cometer os crimes como parte de uma missão de Deus.

O caso revelou feridas profundas para a comunidade indígena do Canadá, que há muito tempo enfrenta um grande número de casos de desaparecimento ou assassinato de suas mulheres. De acordo com uma investigação da Aboriginal Peoples Television Network, Winnipeg — uma cidade próxima a várias comunidades indígenas — teve o maior número de mulheres indígenas desaparecidas e assassinadas no Canadá entre 2018 e 2022.

Algumas mulheres indígenas da cidade continuam desaparecidas, o que provocou o temor dos familiares de que Skibicki tivesse mais vítimas. No entanto, a justiça descartou que ele tenha assassinado mais mulheres.