Internacional
'Não houve debate ou contestação' entre Lula e secretário dos EUA sobe Gaza, diz Amorim
Assessor do presidente brasileiro nega que Blinken tenha tratado de fala que irritou Israel
O assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, disse ao GLOBO que não “houve debate ou contestação” sobre a incursão de Israel na Faixa de Gaza, na reunião entre o presidente Lula e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Presente no encontro, Amorim afirmou que Blinken reforçou a posição do governo americano de que não haveria genocídio na Faixa de gaza.
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— O secretário de Estado deu sua visão sobre o Holocausto. Lula não comentou, até porque não foi preciso. Não havia o que contestar. Blinken disse, em seguida, que não achava que o que está ocorrendo em Gaza seja genocídio. Lula expressou sua opinião sobre a matança de civis, sobretudo mulheres e crianças, na Palestina e frisou a necessidade de um cessar fogo para pôr fim à tragédia humanitária. Não houve debate ou contestação — disse Amorim.
A reunião ocorreu sob a repercussão das declarações de Lula no domingo, na Etiópia, que comparou a guerra em Gaza ao Holocausto, a matança de judeus pelo govenro nazista na Segunda Guerra Mundial. A fala desencadeou uma crise diplomática entre Brasil e Israel. O governo de Benjamin Netanyahu declarou Lula persona non grata e cobra uma retratação.
Amorim negou, porém, que Blinken tenha falado diretamente sobre a declaração de Lula:
— Isso não aconteceu.
O assessor de Lula disse que a reunião no Planalto tratou do conflito entre Israel por cerca de 10 minutos:
— Tudo em tom amigável e respeitoso. O tema não tomou mais de dez minutos de uma reunião que durou quase duas horas. Ao final, Blinken agradeceu muito enfaticamente a oportunidade do diálogo.
Outros assuntos
Outros temas discutidos foram a situação na Venezuela e no Haiti, a guerra na Ucrânia, o meio ambiente, a presidência brasileira do G20 e a reforma da governança global. No fim do encontro, Blinken declarou aos jornalistas que os dois países vão “trabalhar juntos”:
— Foi uma ótima reunião, estou muito grato ao presidente pelo seu tempo. Foi uma ótima reunião e Estados Unidos e Brasil estão fazendo importantes coisas juntos. Estamos trabalhando juntos bilateralmente, regionalmente, globalmente. É uma parceria importante e somos gratos pela amizade.
Antony Blinken, conforme nota da Embaixada dos EUA, falou sobre o envolvimento americano no conflito em Gaza entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Enfatizou os trabalhos para facilitar a libertação de todos os reféns nas mãos do grupo extremista e a assistência humanitária aos civis palestinos.
Blinken ainda agradeceu a Lula pela participação no processo da Fórmula da Paz para tentar acabar com a guerra entre Rússia e Ucrânia. E citou o lançamento de uma iniciativa global, sob o comando de Lula e o presidente dos EUA, Joe Biden, em defesa dos direitos dos trabalhadores.
A nota do governo americano diz, ainda, que Blinken expressou o compromisso dos EUA de fazer parceria com o Brasil na agenda da presidência do G20, especialmente no combate à fome e à pobreza, na mobilização contra a crise climática e na reforma da governança global — tema prioritário na reunião de chanceleres das maiores economias do mundo que acontece no Rio.
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