Internacional
Após Israel ameaçar ofensiva durante o Ramadã, ONGs alertam que Rafah se tornaria 'um cemitério'
Região na fronteira com o Egito é o último refúgio de palestinos deslocados pelos ataques israelenses na Faixa de Gaza
Diversas organizações de direitos humanos internacionais alertaram nesta terça-feira sobre os riscos de uma ofensiva terrestre em Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza e na fronteira com o Egito que abriga mais de um milhão de palestinos, entre resistentes e deslocados forçados pela guerra. As declarações acontecem após o país ameaçar dar início a uma ação militar no local em 10 de março, início do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, caso os quase 100 reféns sob custódia do grupo terrorista Hamas não sejam entregues.
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— As consequências de um ataque de grande escala a Rafah são inimagináveis — disse Avril Benoit, diretora executiva da Médicos sem Fronteiras (MSF) nos Estados Unidos, durante uma entrevista coletiva que reuniu também a Refugees International, Oxfam, Anistia Internacional e outros grupos. — Uma ofensiva militar ali a tornaria um cemitério.
Cerca de 1,4 milhão de palestinos vivem em abrigos e barracas de campanha em Rafah.
— É o último núcleo de serviços de saúde e assistência humanitária para a população de Gaza. Atacar Rafah significa, de fato, cortar o sustento de pessoas que já perderam tudo, exceto a vida — continuou Avril.
Jeremy Konyndyk, presidente da Refugees International, afirmou que os ataques israelenses tornaram "praticamente impossível" que os grupos humanitários atuem com segurança dentro de Gaza, e que existe um risco crescente de fome.
— Sobretudo no norte, as pessoas já estão à beira da fome. O risco, caso não se permita uma operação humanitária significativa que opere sem restrições, em larga escala, em toda a Faixa de Gaza, é a fome — previu Konyndyk. — Essa fome irá se produzir não por algum fenômeno natural, e sim devido à forma como essa guerra está sendo conduzida e à negação persistente e intencional do acesso humanitário, principalmente por parte do governo israelense.
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Konyndyk ressaltou que é difícil acreditar que a população de Rafah possa ser evacuada com segurança, porque não há outro local seguro para elas.
— Um cessar-fogo é a única forma de evitar mais mortes e sofrimento em Gaza. Nossas equipes continuam testemunhando como pacientes não conseguem acesso a atendimento médico devido aos ataques persistentes contra as instalações de saúde e seus arredores — descreveu.
— Uma de nossas médicas em Rafah nos disse recentemente que escreve o nome dos seus filhos em seus braços e pernas, para que eles possam ser identificados facilmente caso morram em um bombardeio — contou Konyndyk.
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