Internacional
Morre Samuel Pinheiro Guimarães, um dos responsáveis pela política externa nos dois primeiros mandatos de Lula
Embaixador chegou a ser punido no governo Fernando Henrique Cardoso, por ser contra a criação de uma área de livre comércio das Américas
Morreu em Brasília, na manhã desta segunda-feira, o diplomata, professor e economista Samuel Pinheiro Guimarães. A causa da morte não foi divulgada.
Como secretário-geral do Itamaraty no período de janeiro de 2003 a outubro de 2009, na gestão do ex-chanceler Celso Amorim, Guimarães foi um dos principais formuladores da política externa brasileira nos dois primeiros mandados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Após o período como secretário-geral, Guimarães assumiu a Secretaria de Assuntos Estratégicos. No dia de sua saída, Celso Amorim homenageou o amigo, ao chamá-lo de vanguardista que "ousou pensar no Brasil" quando isso "não era moda".
Sua posição contrária à criação de uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca) ia de encontro com que queria o governo Fernando Henrique Cardoso. A gestão tucana chegou a criar um departamento no Itamaraty apenas para cuidar do tema.
Após uma declaração contra a Alca, Guimarães foi exonerado do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais (Ipri), do qual era presidente, em 2001. Dois anos depois, Amorim anunciou Guimarães como seu braço direito, ao assumir o comando o Itamaraty.
Guimarães fez mudanças importantes no sistema de formação e promoção dos diplomatas. O pano de fundo uma ampla reflexão sobre o desenvolvimento e inserção internacional do Brasil.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores ressaltou que Guimarães foi um dos mais destacados diplomatas de sua geração. O Itamaraty destaca, ainda, que como vice-presidente da Embrafilme, ele "sempre destacou-se pela independência e pela firmeza na defesa das suas posições em matéria de desenvolvimento e inserção internacional do Brasil".
Nascido no Rio de Janeiro, em 1939, Guimarães se graduou em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi mestre em economia pela Universidade de Boston. Foi, ainda alto representante geral do Mercosul, com a elaboração de políticas de integração regional e na defesa da importância estratégica da relação com a Argentina.
Em 2006, foi eleito, pela União Brasileira de Escritores, para receber o Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano, em reconhecimento pela obra “Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes” e por sua trajetória no debate público brasileiro.
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