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China reage à venda de armas dos EUA a Taiwan e intensifica exercícios militares

Exército chinês lança operação Justice Mission 2025 após venda recorde de armas dos EUA a Taiwan e promete contramedidas mais duras.

29/12/2025
China reage à venda de armas dos EUA a Taiwan e intensifica exercícios militares
Exército chinês realiza exercícios militares após venda recorde de armas dos EUA a Taiwan. - Foto: © AP Photo / Especialista em Comunicação de Massa de 1ª Classe Andre T. Richard

O Exército chinês lançou o exercício Justice Mission 2025 em resposta à venda recorde de armas dos EUA a Taiwan, movimento considerado por Pequim como violação de compromissos históricos e estímulo ao independentismo na ilha.

O Exército de Libertação Popular (ELP) da China iniciou o exercício Justice Mission 2025, interpretado por especialistas como uma reação direta ao recente aprofundamento da cooperação militar entre os Estados Unidos e as autoridades de Taiwan. Analistas ouvidos pelo Global Times afirmam que a operação envia um recado claro: quanto mais avançarem as ações pró-independência em Taiwan, mais rigorosas serão as contramedidas chinesas.

A decisão dos EUA de aprovar uma venda recorde de US$ 11,1 bilhões (cerca de R$ 61,8 bilhões) em armas para Taiwan — incluindo sistemas Himars, obuseiros, mísseis Javelin e drones de ataque — serve de pano de fundo para a escalada. Washington alega que o pacote fortalece a "capacidade defensiva credível" da ilha, enquanto Taipé celebra o reforço militar. Para Pequim, porém, trata-se de uma escalada perigosa.

O professor Shen Yi, da Universidade de Fudan, classificou a operação norte-americana como "alarmante e perigosa", enviando "uma mensagem errada às forças pró-independência". Ele argumenta que a medida viola compromissos assumidos pelos EUA no Comunicado de 17 de agosto de 1982, no qual Washington prometeu reduzir gradualmente as vendas de armas a Taiwan.

Segundo Shen, a nova venda rompe compromissos históricos e contradiz a alegação americana de que os equipamentos seriam apenas defensivos. Os sistemas Himars, afirma, são claramente ofensivos e aumentam a instabilidade no Estreito de Taiwan. Diante disso, o ELP estaria "obrigado a dar uma resposta clara e firme".

O especialista reforça que a China não aceitará interferência externa em seus assuntos internos e mantém plena confiança em sua capacidade de reunificação, inclusive por meios não pacíficos, se necessário. Shen também minimiza o impacto militar das armas adquiridas por Taiwan, afirmando que, em caso de conflito, seriam rapidamente neutralizadas.

Os exercícios recentes do ELP — de 2022 aos Joint Sword-2024A/B e agora à Justice Mission 2025 — indicam um cerco cada vez mais apertado à ilha.

Para Shen, o novo exercício demonstra que o ELP já alcançou "controle total da situação no campo de batalha" no Estreito, com capacidade de monitorar permanentemente alvos estratégicos em Taiwan. Segundo o Global Times, ele conclui que "qualquer tentativa de buscar a independência pela força ou depender de forças externas está fadada ao fracasso", sustentando que a força militar chinesa seria suficiente para derrotar qualquer intervenção estrangeira.

Por Sputnik Brasil