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Astrônomos detectam maior disco protoplanetário já observado ao redor de estrela jovem

Descoberta feita com o telescópio Hubble revela estrutura inédita e caótica em sistema a mil anos-luz da Terra

29/12/2025
Astrônomos detectam maior disco protoplanetário já observado ao redor de estrela jovem
Imagem do disco protoplanetário gigante ao redor da estrela jovem IRAS 23077+6707, registrada pelo Hubble. - Foto: CC BY 4.0 / ESO/L. Calçada / Protoplanetary disk (cropped image)

O maior disco protoplanetário já registrado foi detectado em torno da estrela jovem IRAS 23077+6707, localizada a cerca de 1.000 anos-luz da Terra. O disco apresenta uma estrutura caótica e turbulenta, com extensões de material muito além do que os astrônomos observaram em sistemas semelhantes.

Discos protoplanetários são formações de gás e poeira ao redor de estrelas jovens, considerados ambientes fundamentais para a formação de planetas.

Segundo os pesquisadores, o disco de IRAS 23077+6707 se estende por impressionantes 644 bilhões de quilômetros — cerca de 40 vezes o diâmetro do Sistema Solar até a borda externa do Cinturão de Kuiper.

O disco é tão denso que obscurece a estrela central, que pode ser uma estrela quente e massiva ou até mesmo um sistema binário.

Utilizando o telescópio espacial Hubble, os astrônomos conseguiram obter imagens inéditas do disco em luz visível, revelando detalhes nunca antes observados. "O nível de detalhe que estamos vendo é raro em imagens de discos protoplanetários, e as novas imagens do Hubble mostram que os berçários dos planetas podem ser muito mais ativos e caóticos do que esperávamos", afirma a doutora Kristina Monsch, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian. O estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal.

Segundo Monsch, observar o disco quase de lado permitiu identificar camadas superiores tênues e estruturas assimétricas marcantes. "Tanto o Hubble quanto o James Webb já notaram estruturas semelhantes em outros discos, mas o IRAS 23077+6707 oferece uma perspectiva excepcional — permitindo traçar sua estrutura interna em luz visível com detalhes sem precedentes. Isso torna o sistema um laboratório único para estudar a formação de planetas e seus ambientes", completa a astrônoma.

As imagens também revelaram que apenas um dos lados do disco exibe filamentos verticais, enquanto o outro apresenta uma borda nítida, sem filamentos visíveis. Essa assimetria sugere que processos dinâmicos, como acreção recente de poeira e gás ou interações com o meio ambiente, estão moldando o disco.

"Ficamos surpresos ao ver como este disco é assimétrico", comenta o doutor Joshua Bennett Lovell, também do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian.

De acordo com Monsch, "em teoria, IRAS 23077+6707 poderia hospedar um vasto sistema planetário".

"Neste momento, temos mais perguntas do que respostas, mas estas novas imagens são um ponto de partida para entender como os planetas se formam ao longo do tempo e em diferentes ambientes", conclui a pesquisadora.

Por Sputnik Brasil