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Virada em alerta: fogos e caixas de som exigem cuidados com a audição

Barulho intenso pode causar zumbido, perda temporária ou danos permanentes, explica otorrinolaringologista

Gabriel Santos da Silva 29/12/2025
Virada em alerta: fogos e caixas de som exigem cuidados com a audição
- Foto: Imagem de freepik

Estamos na última semana de dezembro e 2026 já está batendo na porta. A virada do ano costuma ser marcada por festas, shows ao ar livre e a tradicional queima de fogos. Embora o momento simbolize renovação e alegria, o excesso de barulho pode representar riscos reais à saúde auditiva e ao bem-estar geral, especialmente de crianças, idosos e pessoas mais sensíveis ao som.
 

De acordo com a Dra. Raquel Rodrigues, otorrinolaringologista do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco, a distância dos fogos é um fator decisivo para evitar danos. “Quanto mais longe, melhor. O ideal é manter pelo menos 150 metros de distância, principalmente no caso das crianças, que são mais sensíveis por terem o conduto auditivo menor”, orienta. Ela lembra que, sempre que possível, o melhor cenário é optar por fogos sem estampido. “Hoje já existem alternativas visuais, bonitas e sem barulho, que respeitam pessoas sensíveis ao som, crianças e até animais”, destaca.
 

Mesmo exposições curtas podem causar prejuízos. “O som intenso pode gerar um trauma acústico, levando a zumbido e até a uma sequela auditiva”, explica a médica. Segundo ela, o ouvido possui mecanismos de proteção, mas eles têm limites. “Uma intensidade muito alta, ainda que por pouco tempo, pode ultrapassar essa proteção natural”, alerta.
 

Crianças e idosos apresentam risco maior, mas adultos jovens também não estão imunes. “A vulnerabilidade aumenta com a idade, mas qualquer pessoa pode sofrer danos auditivos se estiver exposta a sons muito intensos”, afirma. Em situações em que não é possível manter distância, o uso de proteção pode ajudar. “Abafadores, tipo concha, tanto para adultos quanto para crianças, conseguem reduzir cerca de 30 decibéis e são mais confortáveis, além de evitarem a introdução de objetos no conduto auditivo”, orienta.
 

Durante festas e shows de réveillon, a atenção deve ser redobrada com caixas de som potentes. “Volumes muito altos podem causar perda auditiva temporária e, em alguns casos, permanente. Tudo vai depender da intensidade, do tempo de exposição e da sensibilidade de cada pessoa”, explica. A médica lembra que normas como a NR-15 ajudam a ter uma noção de segurança. “Sons acima de 100 decibéis são toleráveis por um período muito curto. Em shows, as pessoas ficam expostas por horas, muitas vezes próximas às caixas, o que aumenta bastante o risco”, ressalta.
 

Alguns sinais indicam que algo não vai bem logo após a exposição ao barulho. “Os sintomas mais comuns são zumbido e dificuldade para escutar. Muitas pessoas relatam um apito ou sensação de ouvido tampado”, diz. Nesses casos, a orientação é clara. “É fundamental se afastar da fonte sonora, fazer repouso auditivo e procurar avaliação médica”, recomenda.
 

Além do impacto auditivo, a fumaça dos fogos também merece atenção. “Ela irrita as vias aéreas, começando pelo nariz e pela garganta, e pode atingir os pulmões, principalmente em pessoas com rinite, asma ou outras doenças respiratórias”, explica. Ardor, ressecamento, tosse e falta de ar estão entre os sintomas mais frequentes, que variam conforme a quantidade inalada e o tempo de exposição.
 

Para atravessar a virada com segurança, a especialista reforça medidas simples. “Manter distância de fogos e caixas de som, evitar ambientes muito ruidosos, se hidratar bem e respeitar os sinais do corpo fazem toda a diferença”, orienta. Segundo ela, qualquer barulho estranho no ouvido não deve ser ignorado. “Se surgir um zumbido, apito ou dificuldade súbita para escutar, é importante procurar atendimento o quanto antes”, finaliza a Dra. Raquel Rodrigues, otorrinolaringologista do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco.