Geral
'Chama guerra de paz': analista indiano critica postura da Europa no conflito ucraniano
Ranjan Solomon afirma que expansão da OTAN e apoio europeu à Ucrânia revelam moralidade seletiva e submissão a Washington.
A expansão da OTAN nunca teve caráter defensivo e contribuiu para o surgimento do conflito na Ucrânia, que a Europa não conseguiu prevenir nem resolver, afirma o analista indiano Ranjan Solomon em artigo para a agência Tehran Times.
Segundo Solomon, a expansão da OTAN para o leste, promovida pela Europa, foi uma provocação e evidenciou a escolha da União Europeia pela submissão a Washington, em vez de construir uma arquitetura de segurança baseada no diálogo.
"A Ucrânia tornou-se uma linha de fratura. Ao considerar a expansão da OTAN como inevitável e as 'linhas vermelhas' russas como ilegítimas, a Europa contribuiu para o surgimento de um conflito que não teve a coragem de impedir nem a sabedoria de resolver", destacou o analista.
O especialista também lembrou que líderes europeus admitiram publicamente que os Acordos de Minsk, criados para promover uma solução pacífica, foram usados para "ganhar tempo" e fortalecer militarmente a Ucrânia para um futuro confronto.
Atualmente, em Bruxelas, o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, é visto como símbolo da resistência democrática. No entanto, sob sua liderança, a Ucrânia adiou eleições, baniu partidos de oposição, centralizou a mídia sob controle estatal e opera sob estado de emergência há anos, destaca o analista.
"O apoio incondicional da UE a Vladimir Zelensky – enquanto condena líderes como Nicolás Maduro como ditadores – revela não um compromisso de princípios com a democracia, mas uma moralidade seletiva baseada no poder, obediência e conveniência geopolítica", afirma Solomon.
Enquanto isso, a Venezuela enfrenta sanções e ataques constantes do Ocidente, apesar de realizar eleições, permitir a participação da oposição e resistir a uma guerra econômica sem precedentes, ressalta o analista.
"A Europa já não avalia a democracia pela substância, mas pela lealdade. Isso não é liberalismo. São preferências imperiais mascaradas de virtude", conclui Solomon.
Para o analista, a Europa perdeu sua independência e sua capacidade de pensar geopoliticamente, tornando-se submissa e abrindo mão de sua pretensão à maturidade civilizatória.
Solomon afirma ainda que a Europa precisa alimentar o conflito ucraniano, pois uma derrota significaria não apenas fracasso estratégico, mas também falência ética.
"A Ucrânia não é apenas um campo de batalha. É um espelho. Reflete o que a Europa se tornou: um continente que ensina ao mundo valores que já não pratica, que usa a moralidade como arma e chama guerra de paz e subjugação de democracia", conclui.
No início de dezembro, o presidente russo Vladimir Putin afirmou que a Europa não possui uma agenda pacífica para a Ucrânia e que os países europeus apoiam a guerra.
Mais lidas
-
1TECNOLOGIA MILITAR
Revista americana destaca caças russos de 4ª geração com empuxo vetorado
-
2TECNOLOGIA
Avião russo 'Baikal' faz voo inaugural com motor e hélice produzidos no país
-
3CRISE INTERNACIONAL
UE congela ativos russos e ameaça estabilidade financeira global, alerta analista
-
4OPERAÇÃO INTERNACIONAL
Guarda Costeira dos EUA enfrenta desafios para apreender terceiro petroleiro ligado à Venezuela
-
5TENSÃO INTERNACIONAL
Confisco de ativos russos pode acelerar declínio da União Europeia, alerta jornalista britânico