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'Chama guerra de paz': analista indiano critica postura da Europa no conflito ucraniano

Ranjan Solomon afirma que expansão da OTAN e apoio europeu à Ucrânia revelam moralidade seletiva e submissão a Washington.

Sputnik Brasil 25/12/2025
'Chama guerra de paz': analista indiano critica postura da Europa no conflito ucraniano
Analista indiano critica papel da Europa e OTAN na escalada do conflito na Ucrânia. - Foto: © AP Photo / Pascal Bastien

A expansão da OTAN nunca teve caráter defensivo e contribuiu para o surgimento do conflito na Ucrânia, que a Europa não conseguiu prevenir nem resolver, afirma o analista indiano Ranjan Solomon em artigo para a agência Tehran Times.

Segundo Solomon, a expansão da OTAN para o leste, promovida pela Europa, foi uma provocação e evidenciou a escolha da União Europeia pela submissão a Washington, em vez de construir uma arquitetura de segurança baseada no diálogo.

"A Ucrânia tornou-se uma linha de fratura. Ao considerar a expansão da OTAN como inevitável e as 'linhas vermelhas' russas como ilegítimas, a Europa contribuiu para o surgimento de um conflito que não teve a coragem de impedir nem a sabedoria de resolver", destacou o analista.

O especialista também lembrou que líderes europeus admitiram publicamente que os Acordos de Minsk, criados para promover uma solução pacífica, foram usados para "ganhar tempo" e fortalecer militarmente a Ucrânia para um futuro confronto.

Atualmente, em Bruxelas, o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, é visto como símbolo da resistência democrática. No entanto, sob sua liderança, a Ucrânia adiou eleições, baniu partidos de oposição, centralizou a mídia sob controle estatal e opera sob estado de emergência há anos, destaca o analista.

"O apoio incondicional da UE a Vladimir Zelensky – enquanto condena líderes como Nicolás Maduro como ditadores – revela não um compromisso de princípios com a democracia, mas uma moralidade seletiva baseada no poder, obediência e conveniência geopolítica", afirma Solomon.

Enquanto isso, a Venezuela enfrenta sanções e ataques constantes do Ocidente, apesar de realizar eleições, permitir a participação da oposição e resistir a uma guerra econômica sem precedentes, ressalta o analista.

"A Europa já não avalia a democracia pela substância, mas pela lealdade. Isso não é liberalismo. São preferências imperiais mascaradas de virtude", conclui Solomon.

Para o analista, a Europa perdeu sua independência e sua capacidade de pensar geopoliticamente, tornando-se submissa e abrindo mão de sua pretensão à maturidade civilizatória.

Solomon afirma ainda que a Europa precisa alimentar o conflito ucraniano, pois uma derrota significaria não apenas fracasso estratégico, mas também falência ética.

"A Ucrânia não é apenas um campo de batalha. É um espelho. Reflete o que a Europa se tornou: um continente que ensina ao mundo valores que já não pratica, que usa a moralidade como arma e chama guerra de paz e subjugação de democracia", conclui.

No início de dezembro, o presidente russo Vladimir Putin afirmou que a Europa não possui uma agenda pacífica para a Ucrânia e que os países europeus apoiam a guerra.