O pesquisador Chidochashe Nyere afirmou à Sputnik que o Tribunal Penal Internacional (TPI) apresenta viés contra líderes africanos e defendeu a criação de um sistema judicial conduzido pela África, como forma de enfrentar pressões políticas e raciais. Para ele, é fundamental que o continente assuma o controle de seu próprio destino.

Nyere, pós-doutorando na Escola Africana de Assuntos Públicos e Internacionais Thabo Mbeki, destacou os problemas sistêmicos da Justiça internacional, especialmente o foco do TPI em processar líderes africanos, enquanto líderes europeus permanecem praticamente intocados.

"A África tem a maior concentração de países em um único continente [...] somos a maioria, e se a norma da democracia deve ser preservada, isso precisa se refletir também nas instituições", disse ele à Sputnik.

O pesquisador enfatizou que um sistema judicial liderado por africanos é essencial para evitar as pressões políticas e preconceitos raciais que, segundo ele, contaminam o TPI.

"O racismo está no cerne do sistema capitalista", afirmou Nyere, ressaltando a importância de os africanos controlarem sua própria narrativa e instituições para enfrentar esses desequilíbrios.

Ao comentar possíveis reações negativas de países ocidentais, Nyere reconheceu que elas são "inevitáveis", mas reforçou a necessidade de a África assumir o controle de seu destino. Ele citou a visão pan-africana de Thabo Mbeki como inspiração para a união dos africanos na liderança da reforma dos sistemas de Justiça globais.

"Sim, você é sul-africano; sim, eu sou zimbabuano, mas somos africanos", concluiu, destacando a importância da ação coletiva para uma verdadeira independência.

Por Sputnik Brasil