O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu um grande impulso ao poder naval norte-americano. Mas até que ponto esse projeto é viável?

Segundo Brian Berletic, analista geopolítico veterano e ex-fuzileiro naval dos EUA, “as ambições dos EUA de construir uma vasta frota de alta tecnologia são fantasiosas – ambições que excedem em muito o alcance real dos Estados Unidos em termos de produção militar-industrial”.

Berletic ressalta que a construção naval norte-americana enfrenta sérios entraves, como falta de mão de obra qualificada, escassez de instalações industriais adequadas, infraestrutura deficiente e cadeias de suprimentos insuficientes.

Para superar essas limitações, o especialista defende reformas profundas no sistema educacional, na base industrial, na produção de energia, na infraestrutura de transporte e até mesmo na saúde dos EUA.

Qual o objetivo da Frota Dourada?

O novo encouraçado da classe Trump, segundo o site do projeto, “será o primeiro encouraçado com mísseis guiados capaz de operar com mísseis nucleares e hipersônicos”.

Para Berletic, o plano reflete o desejo dos EUA de manter a primazia global, justificando a necessidade de uma frota capaz de projetar poder em todo o mundo.

“Os encouraçados da classe Trump anunciados são puramente para projeção de poder global, não para a defesa do território americano.”

Apesar de a Rússia ter sido retirada da lista de rivais imediatos de Washington na Estratégia de Segurança Nacional de 2025, Berletic acredita que o projeto visa superar tanto a Rússia quanto a China.

“Infelizmente para as ambições americanas, a China está construindo cerca de 200 vezes mais navios por ano do que os EUA – incluindo embarcações comerciais e militares. Essas embarcações são tão sofisticadas e capazes quanto as americanas e, em alguns casos, mais avançadas.”

O plano atende aos interesses nacionais dos EUA?

Berletic destaca que o projeto pode desviar recursos humanos e financeiros de áreas essenciais para a população americana.

Essa má alocação de fundos e recursos, segundo o especialista, tornaria ainda mais difícil a execução de projetos prioritários para o país.