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Chanceler cubano acusa EUA de usar crise do fentanil como pretexto para agressão regional

Bruno Rodríguez critica designação da droga como arma de destruição em massa e aponta motivações políticas dos EUA.

Sputinik Brasil 23/12/2025
Chanceler cubano acusa EUA de usar crise do fentanil como pretexto para agressão regional
Chanceler cubano critica uso da crise do fentanil como justificativa para ações dos EUA na América Latina. - Foto: © AP Photo / Richard Drew

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, afirmou nesta terça-feira (23) que os Estados Unidos estão utilizando a crise social causada pela dependência do fentanil como pretexto para agressões na região.

Em publicação na rede social X, Rodríguez reconheceu a gravidade do problema, que afeta milhares de norte-americanos, mas ressaltou que a droga não deve ser considerada uma arma de destruição em massa.

"Sua designação como arma de destruição em massa é mais uma tentativa do governo dos EUA de construir pretextos mentirosos para desencadear atos de guerra contra estados soberanos na América Latina e no Caribe, derrubar governos legítimos e usurpar os recursos naturais de outros povos."

Segundo o chanceler, essa postura de Washington mascara as causas essenciais da crise, como práticas da indústria farmacêutica norte-americana e o acesso restrito à saúde.

"[A designação] busca ignorar a origem multifatorial do seu consumo e a devastação causada nos Estados Unidos, além de encobrir as más práticas das empresas farmacêuticas naquele país; o vasto mercado de drogas nos EUA; a prescrição indiscriminada de opioides, anfetaminas e oxicodona; o acesso limitado e dispendioso às instituições de saúde; e as vulnerabilidades e realidades socioeconômicas enfrentadas pelos cidadãos daquela nação."

Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou o fentanil como arma de destruição em massa.

"Nenhuma bomba faz o que isso faz. Entre 200 mil e 300 mil pessoas morrem todos os anos. É preciso saber disso", afirmou Trump em coletiva na Casa Branca. Entretanto, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) aponta para cerca de 100 mil óbitos anuais.

A declaração ocorre em meio à justificativa do governo norte-americano para recentes ataques a navios venezuelanos, alegando que o fentanil seria utilizado como arma química, segundo o jornal The Wall Street Journal. Especialistas, porém, afirmam que não há indícios de produção de fentanil na Venezuela.