Geral
Baixa liquidez e cenário fiscal-político pressionam Ibovespa
Índice fecha em queda moderada, com investidores cautelosos diante de riscos fiscais, políticos e alta do dólar.
O Ibovespa encerrou o pregão desta segunda-feira, 22, em queda moderada, refletindo um dia de baixa liquidez e reavaliação de riscos pelos investidores. O ambiente foi marcado por cautela diante do noticiário fiscal e político, da reação da curva de juros e da forte valorização do dólar.
Ao final da sessão, o Ibovespa recuou 0,21%, aos 158.141,65 pontos, enquanto o dólar à vista avançou 0,99%, cotado a R$ 5,5843. O movimento foi impulsionado por fatores de fluxo e aumento do prêmio de risco doméstico, contrastando com as bolsas de Nova York, que operaram em alta ao longo do dia.
Pedro Cutolo, estrategista da ONE Wealth Management, destacou que o desempenho do mercado acionário refletiu a digestão de diversos fatores, incluindo o desconforto com o cenário fiscal e as mudanças nas expectativas para a trajetória da Selic após a divulgação do relatório Focus.
Para Cutolo, apesar do peso do noticiário político, o risco fiscal permanece como principal vetor de cautela, num ambiente que deve seguir com volatilidade moderada.
No campo setorial, a alta das commodities ofereceu algum suporte ao índice, mas não foi suficiente para compensar a fraqueza de setores mais sensíveis aos juros. As ações da Vale avançaram quase 3%, acompanhando a valorização do minério de ferro, enquanto os papéis da Petrobras subiram em linha com a alta de cerca de 2% do petróleo no mercado internacional.
Segundo Gabriel Mollo, analista da Daycoval Corretora, o movimento da bolsa reflete um processo de "reavaliação de risco" pelo mercado. "Os papéis ligados às commodities seguiram em alta, mas não foi suficiente para levar o Ibovespa ao campo positivo. Bancos, construção civil e varejo negociaram em baixa e travaram a alta do mercado, em meio a um noticiário fiscal e político ainda complicado", analisou.
Rubens Cittadin, especialista de renda variável da Manchester Investimentos, observa que o pregão também foi marcado por realização de lucros nos últimos dias do ano. Mesmo com o bom desempenho das empresas ligadas a commodities, o movimento não se espalhou para o restante do mercado, diante do aumento da sensibilidade aos juros e do ambiente de cautela.
O câmbio também exerceu papel relevante na dinâmica do mercado. Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, avalia que dezembro tem sido atípico neste ano. Segundo ele, o mercado segue atento às incertezas no cenário eleitoral, após declarações sobre a possível pré-candidatura de Flávio Bolsonaro em 2026, além das expectativas em torno da política monetária nos Estados Unidos. Ainda assim, Correia destaca que o relatório Focus, ao indicar nova queda nas projeções de inflação, reforça a possibilidade de início de cortes de juros no Brasil em janeiro, cenário que pode favorecer a Bolsa no futuro.
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