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Curva a termo amplia alta com incertezas fiscais, eleitorais e influência externa

Juros futuros sobem com preocupações sobre eleições de 2026, cenário fiscal e movimento do dólar, em dia de baixa liquidez.

22/12/2025
Curva a termo amplia alta com incertezas fiscais, eleitorais e influência externa
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial - Foto: Nano Banana (Google Imagen)

Os juros futuros ampliaram a alta na curva a termo na tarde desta segunda-feira (22), refletindo o desconforto fiscal e as incertezas quanto aos possíveis candidatos para as eleições de 2026. O movimento também foi impulsionado pela abertura da curva dos Treasuries nos Estados Unidos e pela cotação do dólar, que atingiu R$ 5,58. A liquidez, no entanto, foi reduzida devido à agenda esvaziada e à proximidade do feriado nesta semana.

O contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 encerrou o dia com taxa de 13,84%, ante 13,770% na sessão anterior. O DI para janeiro de 2029 subiu para 13,35%, frente aos 13,237% de sexta-feira. Já o vencimento para janeiro de 2031 avançou para 13,655%, contra 13,537% no ajuste anterior.

Entre os destaques do cenário político, notícias apontam articulações para fortalecer a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a CNN, aliados do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), iniciaram conversas para disputar a vice-presidência na chapa de Flávio, em articulação liderada pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab.

“Nas últimas semanas, o mercado financeiro acompanha de perto os desdobramentos envolvendo Flávio Bolsonaro, Tarcísio e outros nomes. Antes de Flávio ganhar espaço, havia uma expectativa mais forte de avanço do centro-direita em 2026, mas com o crescimento do senador nas pesquisas, o mercado passou a precificar mais risco e reduziu a convicção em uma vitória do centro-direita”, avalia Rafael Passos, sócio e analista da Ajax Asset. Ele destaca que a volatilidade deve aumentar por conta do tema eleitoral e que, nesta semana, a liquidez tende a ser ainda menor.

O economista Julius Hedegus Netto, da JHN Consulting, concorda: “O estresse provocado pelo cenário fiscal delicado e as incertezas eleitorais pautaram o comportamento da curva”.

Passos acrescenta que o mercado também repercute o tom mais duro do Banco Central (BC) nas últimas comunicações. “Diante do ruído político, o BC tende a adotar postura mais hawkish. No exterior, não há grandes direcionamentos, com as taxas longas abrindo em um movimento mais técnico do que fundamental. Soma-se ainda o estresse no câmbio, já que sazonalmente há maior demanda por dólar”, complementa o analista.