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Demolições israelenses continuam em Gaza apesar de cessar-fogo, mostram imagens de satélite
Levantamento do jornal Haaretz e dados da ONU revelam destruição persistente e deslocamento em massa mesmo após acordo.
Forças israelenses seguem demolindo prédios e outras estruturas em áreas sob seu controle na Faixa de Gaza, mesmo após a entrada em vigor de um cessar-fogo firmado em outubro, informou nesta segunda-feira (22) o jornal israelense Haaretz, com base em análise de imagens de satélite.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que cerca de 81% das construções do território foram danificadas desde o início da guerra, em 2023, incluindo infraestrutura essencial para a população civil.
A Cidade de Gaza está entre as áreas mais afetadas. Na região leste e no distrito de Shujayeh, centenas de edifícios foram demolidos nas últimas semanas, inclusive alguns que aparentavam não ter sido atingidos durante os combates.
As imagens de satélite também mostram a construção de novos acampamentos para deslocados em áreas controladas pelo grupo palestino Hamas.
Pelo acordo firmado em outubro, mediado pelos EUA, Israel mantém o controle de cerca de 53% da Faixa de Gaza. Antes do conflito, aproximadamente 1 milhão de palestinos viviam nessas áreas.
Desde maio de 2024, Israel passou a adotar uma nova política de destruição, contratando empreiteiros civis para demolir bairros inteiros. Em locais como Rafah, no sul, e no campo de refugiados de Jabalya, no norte, praticamente todas as casas e edifícios foram destruídos, segundo o jornal.
Dados adicionais apontam que cerca de 80% das estradas, 87% das terras agricultáveis e 80% das estufas de Gaza foram eliminadas, afetando diretamente centenas de milhares de pessoas.
Especialistas estimam que haja aproximadamente 61 milhões de toneladas de escombros no território, cuja remoção pode levar anos e envolve riscos como explosivos não detonados e materiais tóxicos.
Um estudo da ONG israelense B’Tselem aponta que, em média, 90% dos palestinos perderam suas casas e tiveram de se deslocar ao menos seis vezes desde 2023. O levantamento também registra a emissão de 161 ordens de retirada pelo Exército israelense, o que, segundo a organização, expôs civis a condições precárias, doenças e violência.
Ao longo da chamada Linha Amarela — que delimita as áreas sob controle israelense do restante de Gaza — foram identificados ao menos 13 novos postos de controle militar, elevando o total para 48. Esses postos estão interligados por estradas que se conectam ao território israelense.
O governo de Israel afirma não ter planos de anexar Gaza, embora integrantes do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu defendam publicamente essa possibilidade.
Desde a assinatura da primeira etapa do acordo de cessar-fogo, promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Israel e Hamas têm se acusado mutuamente de violar o compromisso. Ataques israelenses resultaram em dezenas de mortes, enquanto a atuação de milícias rivais do Hamas, algumas com apoio indireto de Israel, agravou a instabilidade no território.
Apesar das tensões, Trump sinaliza disposição para avançar nas próximas fases do plano, que tratam da governança de Gaza e da reconstrução do território. Netanyahu deve se reunir com o presidente americano na próxima semana, nos Estados Unidos, para discutir pontos pendentes, como a exigência israelense de desarmamento total do Hamas — rejeitada pelo grupo palestino.
Persistem divergências sobre quem governará Gaza no pós-conflito e sobre a criação de um futuro Estado palestino.
Por Sputnik Brasil
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