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Dólar fecha em alta e se aproxima de R$ 5,36 com pressão de remessas ao exterior
Aumento da demanda por moeda americana para envio de recursos ao exterior impulsiona valorização do dólar, apesar de cenário internacional mais favorável a emergentes.
Após oscilações moderadas pela manhã, o dólar ganhou força ao longo da tarde e encerrou esta segunda-feira (1º) em alta de 0,46%, cotado a R$ 5,3593, próximo da máxima do dia, de R$ 5,3613. Operadores atribuem o enfraquecimento do real ao aumento da procura por dólares no mercado local para remessas de recursos ao exterior, como lucros e dividendos.
Segundo Marcos Weigt, diretor da Tesouraria do Travelex Bank, após a rolagem de contratos futuros na virada do mês, já se observa maior demanda por "dólar spot" para as remessas de fim de ano. "Prova disso é a abertura do cupom cambial curto. Essa pressão deve persistir durante todo o mês, mas não vejo espaço para uma alta muito acentuada do dólar", avalia, destacando que o Banco Central tende a intervir se necessário.
Analistas ouvidos pela Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, apontam que o BC pode, além de rolar linhas existentes, ofertar novas linhas com compromisso de recompra. Também está no radar a realização de oferta conjunta de dólar à vista com swap cambial reverso, operação conhecida como "casadão".
Pela manhã, durante evento da XP, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltou a defender o regime de câmbio flutuante e reforçou que a autarquia intervém no mercado apenas em situações de "disfuncionalidade".
No exterior, o índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes — operava em leve queda no fim da tarde, em torno de 99,400 pontos. Entre os indicadores, o índice de atividade industrial (PMI) dos EUA, elaborado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM), recuou para 48,2 em novembro, ante 48,7 em outubro. A expectativa era de alta para 49,2.
O destaque internacional ficou por conta da valorização de mais de 0,40% do iene, após o presidente do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, sinalizar possível aumento de juros na próxima reunião de política monetária, marcada para os dias 18 e 19. Um eventual fortalecimento adicional do iene pode levar ao desmonte parcial de operações de carry trade, reduzindo o fôlego das moedas latino-americanas. O real e o peso colombiano recuaram, mesmo diante da valorização superior a 1% do petróleo e do minério de ferro.
Para Eduardo Aun, gestor de fundos multimercados da AZ Quest, o possível aumento de juros no Japão terá efeito "muito marginal" sobre as moedas latino-americanas, que passaram por um ajuste discreto após desempenho positivo na semana anterior.
"A sinalização mais recente do Federal Reserve favorece moedas emergentes, que podem ter uma boa performance até o fim do ano, embora sem grandes oscilações", afirma Aun.
O gestor acredita que haverá corte de 25 pontos-base na taxa básica de juros dos EUA na próxima semana, após a recente mudança na comunicação do Fed. Ele lembra que, na última reunião de política monetária, o Banco Central americano estava dividido sobre os próximos passos, conforme ressaltado pelo chairman Jerome Powell. Nas semanas recentes, porém, diversos dirigentes do Fed indicaram claramente a possibilidade de redução dos juros.
"Não houve divulgação de dados relevantes da economia americana. A mudança de discurso ocorreu porque as condições financeiras começaram a se deteriorar, com realizações nas bolsas e no mercado de crédito. O Fed demonstrou que, se necessário, reagirá à piora das condições financeiras, o que é uma sinalização importante", diz Aun, ressaltando que essa postura trouxe mais tranquilidade aos mercados e favoreceu a tomada de risco.
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