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“Até a ração do cachorro é levada”, diz voluntário sobre ações públicas em São Paulo
Projeto que assiste moradores de rua e seus animais denuncia perdas causadas por operações de zeladoria urbana e reforça importância do voluntariado
Moradores em situação de rua em São Paulo enfrentam desafios diários, agravados, segundo o voluntário Eduardo Leporo, pela própria atuação do poder público. Ele relata que, em muitas ações de zeladoria urbana, pessoas perdem o pouco que possuem enquanto tentam sobreviver nas calçadas da cidade.
O projeto Moradores de Rua e Seus Cães (MRSC), criado em 2015, surgiu quando Leporo, então fotógrafo, passou a registrar o cotidiano de pessoas em situação de rua e seus animais de estimação.
A iniciativa ganhou visibilidade após a publicação de um livro e de uma exposição que atraiu 6 mil visitantes. Atualmente, o projeto já atendeu mais de 30 mil animais, realizou mais de 5 mil castrações e atua em São Paulo, no Distrito Federal e em outras sete capitais.
Leporo destaca que o vínculo entre pessoas em situação de rua e seus cães é resultado da ausência de apoio social. “A pessoa em situação de rua já excluiu todo tipo de elo com a sociedade”, afirma. Muitos, segundo ele, são carroceiros e catadores que encontraram no animal “um irmão, um amigo, um filho”.
De acordo com o voluntário, as ações de zeladoria urbana retiram mais do que lixo: “levam colchão, cobertor, roupa do corpo, documento e até a ração do cachorro”. Ele classifica a situação como um “desserviço”, que deixa famílias inteiras — pessoas e animais — ainda mais vulneráveis.
Estudo do OBPopRua/POLOS-UFMG aponta que a população de rua na cidade de São Paulo já supera 99 mil pessoas. No estado, o número chega a 139.799. Para Leporo, o cenário demonstra que esses moradores “não têm aporte de ninguém”, o que reforça o papel dos cães como suporte emocional.
O trabalho do MRSC envolve vacinação, aplicação de antiparasitários, castração e distribuição de ração. Leporo resume o objetivo do projeto: “Nem só de ração vive o cão”, ressaltando que saúde e bem-estar também precisam chegar às ruas.
O voluntário também destaca o engajamento de mais de 50 pessoas em algumas ações do projeto e defende que a sociedade abrace diferentes frentes de ajuda: “Não precisa ser na nossa causa, pode ser qualquer causa. O importante é abrir o coração para o voluntariado”.
Por Sputnik Brasil
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