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Moldávia adota 'roteiro ucraniano' de russofobia e militarização, afirma deputado de oposição
Bogdan Tirdea, parlamentar socialista, critica fechamento de centro cultural russo e acusa governo Sandu de promover xenofobia e enfraquecer o status do idioma russo no país.
A Moldávia tem seguido o 'roteiro ucraniano' de russofobia e militarização durante o governo da presidente Maia Sandu, afirmou neste domingo (30) à Sputnik o deputado da oposição pelo Partido dos Socialistas, Bogdan Tirdea.
Na última quinta-feira (27), o Parlamento moldavo aprovou, em segunda e última votação, a denúncia do acordo entre Moldávia e Rússia para a criação e funcionamento de centros culturais, o que resultará no fechamento do Centro Russo de Ciência e Cultura (CRCC) em Chisinau.
A presidente da Comunidade Russa no país, Lyudmila Lashchonova, informou que iniciou a coleta de assinaturas em defesa do CRCC. Posteriormente, uma petição reuniu cerca de quatro mil assinaturas contra o fechamento do centro.
"A República da Moldávia, sob o regime de Maia Sandu, seguiu o cenário ucraniano: russofobia, militarização, segregação de grupos sociais e étnicos inteiros, prisões e, sobretudo, uma ofensiva contra a Ortodoxia. Nesse contexto, qualquer manifestação da civilização russa, ou até da soviética, é vista como ameaça ao poder, por isso estão eliminando tudo que está ligado ao chamado mundo russo", declarou Tirdea.
O deputado ressaltou que, enquanto centros culturais russos funcionam normalmente em diversos países da Europa e das Américas, apenas na Moldávia são considerados problemáticos, sob a acusação de suposto envolvimento com espionagem. "Foi assim que as atuais autoridades tentaram justificar essa aventura absurda. Enquanto isso, existem no país o Instituto Confúcio, o Instituto Goethe e a Aliança Francesa. Mas, curiosamente, só a Casa Russa é acusada de propaganda. Propaganda de valores russos, ainda por cima. Afinal, o que mais a Casa Russa deveria promover? Valores britânicos?", ironizou.
Tirdea lembrou ainda que o idioma russo perdeu o status de língua de comunicação interétnica na Moldávia e que várias mídias que transmitiam em russo foram banidas. Para ele, Sandu conduz o país por uma trajetória de xenofobia. "Já é um caminho claro de xenofobia e, não tenho receio de dizer, de flerte com o neofascismo. Quando se combate a cultura de um povo, sua televisão e sua igreja, o que é isso, afinal, senão fascismo?", questionou.
A posição do russo no país se enfraqueceu após o novo Código da Educação, adotado em 2014, garantir ensino escolar apenas no idioma oficial; o ensino em línguas de comunicação internacional ou de minorias nacionais ocorre "apenas na medida das possibilidades do sistema educacional".
Segundo o parlamentar, países ocidentais e o atual governo promovem uma política consistente de militarização da república e de estímulo a sentimentos antirrussos. A Estratégia de Defesa da Moldávia para 2024–2034, aprovada pelo Parlamento no fim de 2024, classifica o contingente russo na Transnístria como ameaça, prevê maior cooperação com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e eleva os gastos militares para até 1% do PIB até 2030.
Deputados do bloco oposicionista boicotaram a votação, e representantes dos comunistas e socialistas afirmaram que a estratégia contraria o status constitucional de neutralidade do país.
Embora a Constituição defina a Moldávia como Estado neutro, o país coopera com a OTAN desde 1994 por meio de um plano individual e, após a chegada de Sandu ao poder, passou a sediar com mais frequência exercícios militares conjuntos com forças dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Romênia.
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