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Trump tenta pressionar Maduro ao máximo e eleva tensão, avalia analista russo
Professor da Universidade de São Petersburgo afirma que ações dos EUA buscam aumentar pressão sobre o governo venezuelano e podem criar cenário de difícil recuo
A recente declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o fechamento do espaço aéreo na Venezuela deve ser interpretada como uma estratégia para pressionar ao máximo o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou Viktor Kheifets, professor da Universidade de São Petersburgo, em entrevista à Sputnik.
Kheifets destacou que Trump busca elevar as apostas antes de possíveis negociações com o líder venezuelano.
"Vejo a declaração de Trump como mais um passo para intensificar a escalada e como um instrumento de pressão máxima sobre a Venezuela. Considero isso em conjunto com uma recente publicação do jornal The New York Times, que menciona negociações em andamento e até uma possível rodada de conversas planejada em solo norte-americano", ressaltou o professor.
De acordo com o analista, a tática de Trump consiste em pressionar o interlocutor nas negociações para, posteriormente, apresentar o resultado como uma vitória própria.
O especialista também chamou atenção para declarações recentes de Cuba, segundo as quais os Estados Unidos estariam conduzindo uma campanha ativa de interferência eletrônica no tráfego marítimo do Caribe.
"Ou seja", prosseguiu Kheifets, "os EUA acompanham suas declarações com ações concretas."
Segundo ele, essa postura pode, em algum momento, tornar inviável um recuo por parte dos EUA. Mesmo que não haja intenção imediata de levar a situação ao campo militar, a escalada pode dificultar uma volta atrás, tornando-se tarde demais para evitar consequências mais graves.
"A decisão sobre uma guerra, ao que parece, ainda não foi tomada, mas a situação está cada vez mais perigosa. Pode-se chegar a um ponto de não retorno", concluiu o analista.
No último sábado (29), Trump solicitou que todas as companhias aéreas considerem fechado o espaço aéreo sobre e ao redor da Venezuela.
Os Estados Unidos justificam a presença militar no Caribe como parte do combate ao tráfico de drogas. Em setembro e outubro, as forças armadas norte-americanas atuaram diversas vezes para destruir embarcações supostamente envolvidas com tráfico próximo à costa venezuelana.
A mídia dos EUA informou na quinta-feira (26) que as Forças Armadas americanas estudam opções para atacar traficantes dentro da Venezuela. Em 3 de novembro, Trump declarou acreditar que os dias de Nicolás Maduro no poder estavam contados, mas garantiu que os Estados Unidos não pretendem entrar em guerra com o país.
Em Caracas, as ações norte-americanas foram classificadas como provocação, com o objetivo de desestabilizar a região e violar tratados internacionais que mantêm o Caribe desmilitarizado e desnuclearizado.
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