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Política da nova premiê japonesa pode elevar inflação e gerar instabilidade, avalia cientista

Professor da Universidade de Ritsumeikan alerta para riscos econômicos e diplomáticos com as medidas e declarações de Sanae Takaichi

28/11/2025
Política da nova premiê japonesa pode elevar inflação e gerar instabilidade, avalia cientista
Foto: © AP Photo / POOL/Kim Kyung-Hoon

A condução política da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, marcada por declarações firmes sobre Taiwan e a defesa de injeções orçamentárias em larga escala, pode representar riscos econômicos e diplomáticos para o Japão. A avaliação é do professor Masato Kamikubo, da Universidade de Ritsumeikan, em entrevista à Sputnik.

Kamikubo destaca que a aprovação do governo Takaichi chega hoje a quase 80%, uma das maiores já registradas na história do país. No entanto, pondera: "Isso não significa que a maioria da população compreenda o conteúdo das suas declarações sobre a questão de Taiwan", ressalta.

Segundo o analista, o elevado apoio ao novo gabinete se deve à expectativa de decisões econômicas rápidas. Entretanto, Kamikubo adverte que a estratégia econômica de Takaichi, baseada em amplas injeções fiscais e investimentos em setores estratégicos, não garante a estabilização da economia japonesa.

O especialista observa que tais medidas podem aumentar a inflação, embora a sociedade espere que o gabinete consiga controlá-la. "Além disso, o agravamento de conflitos diplomáticos, em um cenário de alta dos preços, pode provocar uma queda acentuada na confiança nas autoridades", afirma.

O professor acrescenta: "Sendo um gabinete minoritário, com base política frágil, a primeira-ministra Takaichi precisa manter altos índices de aprovação. Por isso, deve continuar adotando retórica populista e políticas voltadas à opinião pública, o que representa um risco para o Japão".

Recentemente, um escândalo diplomático envolveu Tóquio e Pequim após declarações de Takaichi de que uma situação imprevista envolvendo Taiwan, caso envolva uso de navios e força militar, pode ser considerada uma "crise existencial". O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, classificou como "chocante" o posicionamento da líder japonesa e afirmou que o Japão ultrapassou uma linha vermelha que não deveria ser transposta.

Por Sputnik Brasil