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USP realiza eleição para reitor; escolha final será do governador Tarcísio

Em meio a incertezas sobre o financiamento futuro, universidade define lista tríplice nesta quinta-feira; nomeação cabe ao governador de São Paulo

27/11/2025
USP realiza eleição para reitor; escolha final será do governador Tarcísio

A Universidade de São Paulo (USP) realiza nesta quinta-feira, 27, a eleição para escolha de seu 29.º reitor, em um cenário de incertezas quanto ao futuro do financiamento da instituição. A votação acontece de forma online, das 9h às 18h, e o resultado deve ser divulgado ainda na mesma noite.

Os três candidatos — Aluísio Segurado, Ana Lúcia Duarte Lanna e Marcílio Alves — destacaram durante a campanha a necessidade de garantir a autonomia da USP por meio de um orçamento previsível. Com a reforma tributária, prevista para entrar em vigor a partir de 2026, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) será gradualmente extinto.

Desde 1989, a universidade recebe 5% da arrecadação do ICMS estadual. Os valores e a origem dos recursos precisarão ser negociados entre o novo reitor ou reitora e o governo do Estado.

“A autonomia das universidades estaduais paulistas é única e foi responsável pelo desenvolvimento do ecossistema de ciência e tecnologia do Estado”, afirmou Aluísio Segurado, professor da Faculdade de Medicina e ex-pró-reitor de graduação, em entrevista ao Estadão. Segurado foi o mais votado na consulta à comunidade universitária realizada na semana passada, com 4.969 votos, seguido por Ana Lanna, ex-diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, que obteve 4.062 votos.

A consulta à comunidade tem caráter apenas indicativo. A eleição oficial é realizada pela Assembleia Universitária, composta por membros do Conselho Universitário — órgão máximo da USP —, conselhos centrais, congregações das unidades, além dos conselhos deliberativos dos museus e institutos especializados.

No total, 2.230 pessoas participam da votação, a maioria professores, mas também representantes de alunos e servidores técnicos-administrativos. Nesta quarta-feira, 26, os eleitores recebem por e-mail a senha de acesso ao sistema de votação. Após a apuração, a USP divulgará a lista tríplice que será encaminhada ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Como há apenas três candidatos, todos integrarão a lista.

Tradicionalmente, o candidato mais votado internamente é nomeado reitor para o mandato de janeiro de 2026 a janeiro de 2030, embora haja exceções. Em 2009, por exemplo, o professor João Grandino Rodas, da Faculdade de Direito, foi o segundo mais votado, mas acabou nomeado pelo então governador José Serra (PSDB).

“A universidade deve saber quanto vai receber e poder gastar, e a autonomia precisa deixar de ser um decreto para se tornar lei, evitando negociações anuais. Se não criarmos esse movimento, fica muito difícil”, avaliou a candidata Ana Lanna, ex-pró-reitora de Diversidade e Inclusão e ex-diretora da FAU. Em 91 anos de história, a USP teve apenas uma reitora, Suely Vilela (2005-2009). “Isso, no mínimo, indica que a carreira docente, ao chegar ao topo da titularidade, é muito excludente”, afirmou.

Para concorrer ao cargo de reitor, é necessário ser professor titular, posição alcançada por meio de concurso público. “A USP, segundo diversos rankings, está muito bem colocada, em parte porque conta com um orçamento fixo que permite planejamento”, destacou Marcílio Alves, engenheiro e candidato ao cargo.

Segurado também ressaltou que as universidades federais negociam recursos anualmente com o Ministério da Educação (MEC), o que gera “angústia” devido à imprevisibilidade. Os candidatos também abordaram, em entrevistas ao Estadão, temas como a atratividade do ensino superior, mudanças nos métodos de ensino e diversidade na instituição.

Atualmente, a USP reúne cerca de 90 mil estudantes de graduação e pós-graduação, 5,3 mil professores e responde por 22% da produção científica nacional.