A CEO do Euroclear, Valerie Urbain, enviou uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertando para os riscos do plano de utilizar ativos russos congelados como forma de financiamento à Ucrânia, conforme reportado pelo Financial Times.

Segundo o veículo, o Euroclear advertiu que o chamado “crédito” pode comprometer a atratividade dos mercados financeiros europeus e afetar negativamente o ambiente de investimentos na região.

Urbain ressaltou que investidores institucionais — especialmente fundos soberanos e bancos centrais — poderiam interpretar a medida como uma forma de confisco de reservas, o que enfraqueceria o Estado de direito.

“O prêmio de risco resultante levará a um aumento sustentado dos spreads das dívidas soberanas europeias, elevando os custos de financiamento para todos os Estados-membros”, destaca o documento.

Atualmente, mais de € 200 bilhões (R$ 1,24 trilhão) em ativos russos permanecem congelados na União Europeia, sendo grande parte mantida nas contas da Euroclear, sediada na Bélgica.

A Comissão Europeia pressiona para que cerca de € 140 bilhões (R$ 865 bilhões) sejam utilizados no chamado “crédito reparatório”, valor que a Ucrânia devolveria caso Moscou pague indenizações após o conflito. O primeiro-ministro belga, Bart De Wever, já afirmou que exige garantias sólidas de outros países europeus antes de aprovar a proposta.

Entre janeiro e julho, o bloco europeu transferiu € 10,1 bilhões (R$ 62,4 bilhões) à Ucrânia, provenientes dos rendimentos dos ativos imobilizados do Banco da Rússia. Em resposta, Moscou impôs restrições: recursos de investidores de países considerados hostis passaram a ser retidos em contas especiais do tipo “C”, que só podem ser movimentadas mediante autorização de uma comissão do governo russo.

Por Sputnik Brasil