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Era do domínio do dólar perde força e Sul Global busca alternativas, aponta Bloomberg
Países do Golfo, China e Rússia reduzem exposição ao dólar, sinalizando fim do predomínio da moeda americana no cenário internacional, segundo análise publicada nos EUA.
O Sul Global está perdendo a confiança na moeda norte-americana. Países do Golfo Pérsico reorientam investimentos, enquanto China e Rússia reduzem suas reservas em dólares, indicando o declínio gradual da era do domínio do dólar, segundo o jornal americano Bloomberg.
De acordo com o artigo, a crescente desconfiança no dólar decorre de fatores como a imposição de sanções pela Casa Branca a aliados e adversários, a postura do banco central dos EUA, o aumento da dívida pública, a concorrência com a China e outros elementos.
No início dos anos 2000, o dólar respondia por mais de 70% das reservas cambiais globais; atualmente, essa fatia está abaixo de 60%.
"Se a zona do euro não fosse tão fragmentada e o sistema financeiro chinês tão fechado, as alternativas seriam mais atraentes e o declínio [do dólar] mais rápido", afirma a publicação.
O texto destaca a mudança na política cambial da China: as reservas internacionais chinesas chegaram a 4 trilhões de dólares (R$ 21,3 trilhões) em 2014, mas recuaram para 3,3 trilhões de dólares (R$ 17,5 trilhões). A adoção de uma taxa de câmbio mais flexível diminui a necessidade de acumular dólares, segundo o artigo.
"Não mais. A China já parou de comprar dólares. No futuro, pode começar a vendê-los", alerta a publicação.
Os autores também ressaltam os esforços acelerados da Rússia para reduzir sua exposição à moeda americana: entre 2016 e 2021, a participação do dólar nas reservas russas caiu de 40% para 11%.
"Se a China seguir um caminho semelhante, suas reservas em ativos em dólar encolherão para quase zero em um curto período de tempo", acreditam os autores.
A China lidera ainda a rejeição do dólar no comércio global, com mercados emergentes utilizando cada vez mais moedas locais. A participação do yuan no faturamento comercial chinês saltou de 2% em 2010 para 25% em 2023.
O distanciamento entre os interesses chineses e americanos alimenta, em Pequim, preocupações sobre a segurança dos investimentos no Ocidente.
No Oriente Médio, segundo o artigo, governos do Golfo Pérsico investem bilhões em megaprojetos domésticos e já não direcionam seus ativos para títulos do Tesouro dos EUA.
"Com a receita comprimida e os gastos internos em alta, os fundos soberanos do Golfo Pérsico estão aplicando seu capital em ações, minas e imóveis, em vez de simplesmente emprestá-lo ao governo dos EUA", diz a publicação.
Outro aspecto negativo é o uso do dólar como instrumento de pressão política, prática considerada inaceitável pelas principais economias globais.
"O dólar era um escudo. Agora é uma espada. [...] Os EUA e seus aliados congelaram 300 bilhões de dólares [R$ 1,5 trilhão] dos ativos de Moscou", aponta o texto.
Especialistas avaliam que a medida demonstrou a disposição de Washington em usar sua moeda como alavanca geopolítica, alerta que China e países do Golfo não ignoram.
A era em que poupanças externas fluíam facilmente para ativos em dólar, reduzindo custos de empréstimos dos EUA e conferindo a Washington uma poderosa ferramenta de sanções, está chegando ao fim, conclui a publicação.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou repetidamente que quase todas as operações de comércio exterior entre Rússia e China já são realizadas em rublos e yuans.
Por Sputnik Brasil
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