A Comissão Europeia apresentou uma proposta para estabelecer regras do chamado "Schengen militar", com o objetivo de permitir a rápida movimentação de pessoal e equipamentos militares pelo território dos países da União Europeia, tanto em tempos de paz quanto em situações de emergência. A iniciativa foi detalhada nesta quarta-feira (19) pela comissária para Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia.

"A mobilidade militar é uma prioridade máxima para o fortalecimento da defesa da Europa, e é por isso que também adotamos hoje o pacote de mobilidade militar. Nosso objetivo é criar um Schengen militar, onde tropas e equipamentos europeus possam se deslocar de forma rápida e segura através de nossas fronteiras", afirmou Henna Virkkunen, vice-presidente-executiva da Comissão Europeia para Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia, em coletiva de imprensa.

Segundo a autoridade, espera-se que a União Europeia remova as barreiras regulatórias à mobilidade militar, estabelecendo um prazo máximo de processamento de três dias.

Virkkunen acrescentou: "Além disso, criaremos um quadro de emergência, um novo sistema europeu de resposta reforçada à mobilidade militar, para agilizar os procedimentos e garantir o acesso prioritário à infraestrutura de apoio às forças armadas que atuam no contexto da UE e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)".

O comissário europeu para o Transporte Sustentável e o Turismo, Apostolos Tzitzikostas, destacou que a UE planeja investir € 100 bilhões (cerca de R$ 617,7 bilhões) no desenvolvimento de 500 pontos estratégicos até 2030.

"Nossa agenda de Preparação para 2030 é muito clara. Esses projetos devem ser concluídos até o final desta década. Estimamos que a implementação dos 500 pontos estratégicos exigirá cerca de € 100 bilhões, portanto, precisamos começar a investir agora", afirmou Tzitzikostas.

A proposta tem como objetivo facilitar o deslocamento de tropas e equipamentos militares para o Leste europeu em caso de conflito com a Rússia, conforme comunicado da comissão.

"A Europa deve aprender com a experiência da Ucrânia, fortalecer sua resiliência e construir um ecossistema de defesa que una líderes da indústria, novos inovadores e a comunidade tecnológica para fornecer capacidades de forma mais rápida e eficiente", destaca o comunicado.

Nos últimos anos, a Rússia tem relatado uma atividade sem precedentes da OTAN ao longo de suas fronteiras ocidentais. A aliança vem expandindo suas iniciativas, justificando-as como "dissuasão da agressão russa". Autoridades russas demonstram preocupação com o fortalecimento do bloco político-militar na Europa. O Kremlin, por sua vez, afirma que a Rússia não representa ameaça a ninguém, mas não ignorará ações que considere potencialmente perigosas para seus interesses.