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COP30: indígenas realizam 'barqueata' em protesto e segurança é reforçada após tentativa de invasão

Após tentativa de invasão à área de negociações, policiamento é intensificado. Indígenas e ribeirinhos protestam contra projetos na Amazônia e cobram ações do governo.

13/11/2025
COP30: indígenas realizam 'barqueata' em protesto e segurança é reforçada após tentativa de invasão
- Foto: Reprodução / Agência Brasil

Os protocolos de segurança da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30) foram reforçados nesta quarta-feira, 12, um dia após uma tentativa de invasão de indígenas à área de negociações, a chamada Blue Zone. Dezenas de viaturas da Polícia Militar foram posicionadas nas vias de acesso aos pavilhões, enquanto o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, buscava acalmar os ânimos e evitar o agravamento da crise. "O incidente de ontem (terça-feira) é algo que pode acontecer em um país democrático como o Brasil", afirmou Lago.

Distante da área restrita da COP30, indígenas e ribeirinhos organizaram uma 'barqueata' pelos rios que cercam Belém, em protesto contra projetos de grande porte na Amazônia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos principais alvos das manifestações. O líder indígena Cacique Raoni, inclusive, declarou que, se necessário, iria "puxar a orelha" do presidente.

Segurança reforçada após tentativa de invasão

Vinte e quatro horas após a tentativa de invasão, o cenário nas ruas de acesso à COP30 mudou completamente. No início da noite desta quarta-feira, dezenas de carros da Polícia Militar estavam estacionados em fila, com os giroflex ligados. O policiamento foi ampliado, incluindo mais agentes, cães e ônibus da PM. As vias permanecem fechadas desde a cúpula dos líderes, realizada na semana anterior.

Em noites anteriores, o policiamento era discreto, com apenas dois veículos nos acessos. Desta vez, a presença policial foi significativamente ampliada para garantir a segurança dos participantes e do evento.

Presidente da COP30 minimiza incidente

O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, minimizou o episódio. Segundo ele, a conferência oferece "pleno espaço para manifestações, reticências, discordâncias e dificuldades". Lago ressaltou que o debate democrático é fundamental: "Quanto mais tivermos um bom debate, tranquilo, será muito positivo".

O diplomata também lembrou que as últimas edições da COP ocorreram em países com restrições a protestos, como Azerbaijão (2024), Emirados Árabes Unidos (2023) e Egito (2022), destacando o contraste com o contexto brasileiro.

Delegação dos EUA é liderada por governadores

Pela primeira vez na história das COPs, os Estados Unidos não enviaram uma delegação oficial à conferência. A ausência já era esperada, uma vez que o presidente Donald Trump nega o aquecimento global e anunciou a retirada do país do Acordo de Paris. Em resposta, governadores e prefeitos americanos, especialmente do Partido Democrata, vieram ao Brasil para participar dos debates, tanto no fórum de prefeitos e governadores no Rio de Janeiro quanto na COP30 em Belém. Entre eles, os governadores da Califórnia, Gavin Newsom, e do Novo México, Michelle Grisham, marcaram presença em eventos oficiais e paralelos.

'Barqueata' protesta contra exploração na Amazônia

O protesto realizado na manhã desta quarta-feira marcou o início da Cúpula dos Povos, reunindo manifestantes de comunidades tradicionais brasileiras e estrangeiras. Entre as principais pautas estavam a demarcação de terras indígenas, a oposição à exploração de petróleo na Margem Equatorial da Foz do Rio Amazonas, à construção da ferrovia Ferrogrão e à hidrovia do Rio Tapajós, grandes projetos de infraestrutura previstos para a região. "Lula, pare com essa insanidade de querer explorar petróleo", declarou um dos manifestantes ao microfone durante a barqueata.