Geral
32º Festival Municipal de Bumba Meu Boi termina com cultura popular fortalecida
Festival reuniu grupos de vários bairros de Maceió, mobilizou a economia criativa e reafirmou o Bumba Meu Boi como patrimônio vivo da capital alagoana
O Estacionamento de Jaraguá recebeu, neste sábado(25), o segundo e último dia de apresentações do 32º Festival Municipal de Bumba Meu Boi, realizado pela Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural(FMAC), em parceria com a Liga Alagoana de Bumba Meu Boi. Com público estimado em cerca de 20 mil pessoas por noite, a celebração reafirmou a força da cultura popular como patrimônio vivo da cidade e promoveu o encontro de diferentes comunidades que fazem do boi uma expressão de identidade, fé, memória e pertencimento.
A programação começou com a apresentação do Boi Águia de Ouro, que fez a abertura simbólica do festival, cumprimentando o público antes do início das disputas oficiais. A partir dali, a arena se tornou palco de múltiplas narrativas, cada uma carregando consigo a história, o território e os afetos de quem mantém a tradição pulsando nos bairros de Maceió.
O primeiro a entrar em competição foi o Boi Escorpião, do bairro do Poço, que emocionou o público ao homenagear pessoas autistas, levando para a arena uma celebração da inclusão, do cuidado e do amor como ferramenta de acolhimento social e respeito. Em seguida, o Boi Jaguar, da Ponta da Terra, resgatou o mito original do Bumba Meu Boi, trazendo à cena a história de Catirina, Mateu e do Boi, reforçando a ancestralidade narrativa que fundamenta a tradição.
Logo depois, o Boi Rotteweiller, do Feitosa, exaltou a herança cultural alagoana ao unir o tradicional e o contemporâneo, integrando referências ao pastoril, ao fandango, ao coco de roda e ao guerreiro em uma mistura que honrou as matrizes da cultura popular. O Boi Safary, do Jacintinho, levou ao público a fé e a devoção sertaneja, retratando o clamor pela chuva no sertão e a espiritualidade que nasce da esperança de um povo resiliente.

Na sequência, o Boi Africano, de Cruz das Almas, homenageou o cotidiano da vida do interior, destacando o ciclo do plantio e da colheita, a devoção a São José e Nossa Senhora Aparecida e o vínculo sagrado entre a terra e a sobrevivência das comunidades rurais. O Boi Kimera, também do Poço, trouxe para a arena os folguedos alagoanos como ato de resistência, reforçando a importância da transmissão cultural entre gerações dentro dos próprios territórios.
Representando a Ponta da Terra, o Boi Pérola fez um tributo ao sururu, elemento identitário da gastronomia alagoana e base de sustento para tantas famílias maceioenses, destacando o elo entre cultura, trabalho e tradição. O encantamento continuou com o Boi Bumbá Alagoano, também da Ponta da Terra, que transformou a arena em uma grande fábrica de brinquedos, em uma proposta lúdica voltada à infância e à alegria como parte central da cultura popular.
Na sequência, o Boi Força Bruta, da região da Zona Sul de Maceió, enalteceu o orgulho nordestino, reforçando a força, a bravura e a identidade arretada do povo que constrói a história do país a partir da resistência. O Boi Cão de Raça, do Jacintinho, levou para o público uma reflexão sobre os povos originários e a preservação da natureza, destacando a ancestralidade indígena como base civilizatória do Brasil.
De volta à Ponta da Terra, o Boi Dragão celebrou seus 40 anos de trajetória, emocionando o público com uma homenagem à própria história e reforçando o vínculo profundo com a comunidade que o sustenta. O Boi Cobra Negra, da Jatiúca, homenageou o legado de Edecio Lopes, figura marcante para a cultura maceioense, lembrando sua trajetória como símbolo de dedicação e influência no cenário dos bois.

Também da Ponta da Terra, o Boi Vingador levou à arena uma narrativa de fé que uniu o sagrado católico ao afro-religioso, aproximando São Jorge e Ogun como expressões de proteção, força e luta. Em seguida, o Boi Diamante, da Ponta Grossa, apresentou o tema “A verdadeira tradição”, resgatando brincadeiras de rua e memórias afetivas dos antigos bois de carnaval, trazendo à superfície lembranças que atravessam gerações.
Encerrando a noite, o Boi Axé, da Jatiúca, apresentou uma releitura do clássico Alto da Compadecida, aproximando teatro e religiosidade com a poética popular do boi.
Ao refletir sobre a realização do festival, o presidente da FMAC, Myriel Neto, ressaltou o compromisso da gestão com a cultura que nasce nos bairros.
“Quando a Prefeitura investe e dá estrutura para o Bumba Meu Boi, ela não está apenas promovendo um evento, está fortalecendo o lugar onde a cultura é gerada, nas comunidades, nos quintais, nos terreiros, nas costuras e ensaios que acontecem o ano todo. É o povo que faz o boi acontecer, e é o poder público que precisa garantir que ele permaneça vivo e reconhecido como patrimônio”, afirmou.
O resultado do festival será divulgado ainda neste domingo (26) pela Liga Alagoana de Bumba Meu Boi através do canal do YouTube do Cultura.AL.
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