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Atração do Rio Gastronomia, Nando Reis comemora sobriedade: 'Viver sem intermediários me dá mais alegria'
Lançando quatro discos de canções inéditas, músico se apresenta no dia 15 no Jockey Club Brasileiro, na Gávea; Festival gastronômico se estende por três semanas
Nando Reis e sua “música ruiva”, como ele mesmo já classificou, estão de volta ao Rio. O paulistano egresso dos Titãs ficará responsável por abrir a série de apresentações do Rio Gastronomia, no próximo dia 15. A atividade, que reúne os restaurantes mais amados entre os cariocas, acontece no Jockey Club Brasileiro, na Gávea, e vai até 1º de setembro. Para acompanhar os dias de boa mesa, a atração receberá em seu palco shows de Toni Garrido (dia 22), Diogo Nogueira (dia 24), Maria Rita (dia 29), entre outras grandes atrações.
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Passado o Rio Gastronomia, Nando seguirá riscando o país com datas, inclusive, em parceria com o duo Anavitória com quem faz sua conhecida “Turnê dos namorados”. Nos bastidores das apresentações, porém, o cantor prepara-se para dar início à turnê de seu novo álbum “Uma Estrela Misteriosa”.
Trata-se de um projeto quádruplo de 30 músicas, além da promessa de uma turnê com 24 datas entre setembro e dezembro por todo o país. A primeira apresentação ao vivo será em um show gratuito em Macapá (cidade que empresta o nome a uma das faixas do projeto), depois passa por São Paulo, em 12 de outubro no Espaço Unimed, e na Farmasi Arena, em 30 de novembro, no Rio.
A novidade, por sinal, requer uma explicação de seu conceito. Todos os novos álbuns serão lançados prioritariamente em vinil, em quantidade reduzida. Ou seja, só ouvirá o trabalho completo (com os bônus) os fãs que comprarem a mídia física. Para produzir o amplo volume de canções, Nando contou com a participação de músicos de alto quilate. Mike McCready (guitarra) e Matt Cameron (bateria), por exemplo, são integrantes do Pearl Jam. Já Duff McKagan (baixo) é parte do Guns N’ Roses e Krist Novoselic (baixo) é ex-integrante do Nirvana. Nando também não deixou a prole de lado: Sebastião participa com violão de doze cordas e Zoé assina a arte do álbum, que leva bonitas fotos de Nando nos anos 1970.
— Eu não lançava nada inédito desde 2016, tinha feito só dois singles. Mas fiz muitos “feats” de regravações, com outros artistas. Me preocupava que as pessoas achassem que eu não produzia mais. Não gosto muito de single, gosto do conjunto, de discos. Porque quando as músicas estão juntas, uma empresta possibilidades de leitura e interpretação que enriquecem — afirmou ao GLOBO. — O único incômodo que me acompanhou foi temer que o álbum passasse despercebido pela dificuldade que as pessoas têm de consumir o conjunto, em ter concentração necessária. Mas é uma frustração que convivo desde sempre.
A produção, classifica o artista, foi “uma alegria”.
— As coisas fluíram, não imaginava gravar 30 músicas, mesmo se tivesse lançado 12 estaria contente— confessa.
Sóbrio há 7 anos
Embora o álbum seja pensado especialmente para as vitrolas, há um esquema especial de lançamento nas plataformas digitais. As faixas foram disponibilizadas de maneira gradual, com músicas bloqueadas, previstas para serem reveladas mais adiante. A música de trabalho, “Azul Febril”, por sua vez, já está disponível para audição.
— Tento driblar algoritmos e aprender essas estratégias, mas isso não garante nada. O que eu quero mesmo é que as pessoas saibam que esse trabalho existe e tenham acesso e, ao ouvir, elas decidam se gostam ou não — afirma.
O conjunto de canções marca uma conquista pessoal de Nando. Há sete anos o artista está sóbrio, sem consumo de álcool ou qualquer outra droga. No evento de lançamento, ele explicou que mesmo antes da sobriedade sempre se dedicou a revisar seus trabalhos com rigor e fora de qualquer estado alterado. Dessa vez, porém, a distância total de entorpecentes inaugurou novas sensações.
—Tenho mais disposição, mas é engraçado que eu falo isso só agora. Nos três primeiros anos que parei de beber, sentia falta do efeito euforizante do álcool. Mas como aquilo estava ruim para mim, essa ideia era quase uma ilusão. Vivo agora um entusiasmo meu, essa vitalidade que tenho é minha —pondera. — Viver sem intermediários me dá muito mais alegria. E, obviamente, a sobriedade tem por consequência a lucidez. E eu preciso muito do meu pensamento, sou um criador. O meu barato de fazer discos é enorme.
'Ninguém gosta de ser ofendido'
A relação com as redes se mostra um desafio ao cantor, que diz andar mais off-line. Muito por achar que o ambiente inspira comportamentos mecânicos, mas também pelo clima bélico que se instalou na caixa de comentários após Nando se posicionar publicamente contra a presidência de Jair Bolsonaro.
— Trabalhei intensamente, por quatro anos, no canal do YouTube. Fiz uma interrupção porque estava acontecendo um esgotamento, acho que essas coisas não devem acontecer de maneira mecânica — diz. — Ao longo do governo (Bolsonaro), me posicionei muito e defendi meus princípios. Aquele horror parecia que ia nos levar de volta para um lugar que não podíamos voltar. Criou-se em relação à minha pessoa uma grande animosidade. E eu não gosto disso, ninguém gosta de ser ofendido. Embora eu despreze e tente me proteger, me incomoda demais.
Distante dos temas ofensivos, Nando segue investindo em temáticas menos combativas, caso do amor e afetividade, que aparece em canções já disponíveis no streaming, a exemplo de “Dois Réveillons”. Um trecho diz: “sim eu te amo/ meu raio de sol/ no escuro oceano você é meu farol”. Embora siga falando de amor com a fluência de sempre, o artista concorda que há certa mudança no cenário das afetividades.
— Falo de amor agora, em 2024, da mesma maneira que sempre falei. A possibilidade que tenho de me aproximar desse assunto se dá através das minhas experiências de afeto no meu ciclo familiar, íntimo. Por isso falo tanto, tem gente que me considera até autobiográfico — ele conta. — Por outro lado, a música consegue se manter mais protegida (das mudanças). Hoje em dia, ninguém mais se liga, só manda mensagem. E é fácil se acostumar a isso, porque o contato direto gera uma certa tensão, angústia. É triste esse encapsulamento.
Amplo defensor do bom e velho “olho no olho” e de falar mais intimamente, Nando diz que sente falta até das ligações de telefone.
— Às vezes, mando áudio, um filho responde com outro, eu mando outro. E logo digo: pô, vamos nos ligar, conversar. Falo isso para meu filho Theo. Eu gosto de telefone, gosto de ligar, gosto de ver tela, de fazer videochamadas, essa invenção maravilhosa. Como pode terem inventado isso e as pessoas preferirem a mensagem?
Parcerias em alta
Antes de debutar com seus múltiplos álbuns, Nando andou expandindo fronteiras em uma seleção de colaborações com artistas — de variadas idades e gêneros. Uma das mais recentes foi com o fenômeno sertanejo Lauana Prado, numa canção inédita ainda a ser lançada. Nando confessa que não conhecia a goiana antes da parceria de ambos, mas não economiza nos elogios.
— Ela me convidou e achei incrível. Confesso, não conhecia o trabalho dela e vi que era uma artista gigante. Cantamos juntos uma música inédita. Pensei: é isso que quero fazer, vamos com algo inédito, sabe? E ela tem uma voz… É uma cantora super jovem e fala comigo com uma reverência, e eu não me vejo assim. Ela é muito fã da Cássia Eller (amiga íntima de Nando e parceira de trabalho morta em 2001) — diz. — Tenho esse pensamento de querer me aproximar dos mais jovens, mas não é algo aleatório. O Melim (banda de irmãos em pausa desde ano passado) tocava "Onde você mora", uma música que escrevi quando o público da banda nem tinha nascido. E assim fui fazendo.
Ele também gravou “Sim” ao lado do cantor Jão, e “Nos Seus Olhos”, com Iza. O apetite para cooperações é bem-vindo, mas Nando não ignora um crivo para escolher os parceiros.
— Gravo, claro, mas tem que o santo bater.
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