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Cristina Pereira emociona Gramado ao revelar ter sido vítima de estupro aos 12 anos: 'Mataram aquela menina'
Atriz está no elenco de ‘O clube das mulheres de negócios’, filme de Anna Muylaert que fez sua estreia no festival na mostra competitiva
O debate do filme “O clube das mulheres de negócios”, de Anna Muylaert, foi palco de um momento forte na manhã deste domingo (11), no Festival de Cinema de Gramado. Ao comentar uma cena de assédio sexual do longa, a atriz e comediante Cristina Pereira, de 74 anos, revelou pela primeira vez publicamente ter sido vítima de estupro quando tinha 12 anos e estava a caminho da escola.
— Cheguei no colégio com o uniforme aberto e ninguém se preocupou, só queriam saber porque eu estava chegando atrasada. Quando o Candinho (personagem do filme vítima de assédio) chora, sou eu que choro e são muitas meninas de 12 anos, com aquela menina que estava a caminho do colégio e mataram aquela menina — revelou Cristina. — É a primeira vez que falo publicamente sobre isso. Aconteceu comigo, mas está acontecendo agora com muitas meninas. Estava entrando na puberdade, nem tinha ficado menstruada. Eu não sabia nada sobre sexo, não sabia o que aquele homem tinha feito comigo, uma coisa horrível. Na minha época não tinha educação sexual nas escolhas. E essa turma do boi, da bíblia e da bala não querem que as crianças saibam.
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Durante a revelação, muitas pessoas presentes na sala, especialmente mulheres, se mostraram muito tocadas com o relato, que arrancou choros de muitas das colegas do elenco. A diretora Anna Muylaert, para quem Cristina já havia revelado a história, acolheu pessoalmente a parceira de trabalho. O debate foi interrompido por alguns instantes, mas retomado pela disposição da atriz em permanecer na sala.
O longa é uma crítica ao patriarcado e às estruturas de poder que propõe uma inversão de gênero em seus protagonistas. São as mulheres que “dominam o mundo” e ditam as regras, muitas com comportamentos violentos e ambiciosos, enquanto que os homens muitas vezes são vistos como objeto e desumanizados.
A première de gala de “O clube das mulheres de negócios” marcou o início das sessões da mostra competitiva do Festival de Cinema de Gramado neste sábado (10).
Rafa Vitti, Luís Miranda, Louise Cardoso, Cristina Pereira, Ítala Nandi, Katiuscia Canoro, Maria Bopp, Grace Gianoukas, Polly Marinho e Shirley Cruz atravessaram o tapete vermelho de Gramado na companhia de Muylaert, que conquistou o festival há 22 anos pelo trabalho em “Durval Discos”. Ela também exibiu no evento seu trabalho mais renomado, “Que horas ela volta?”, filme de abertura da edição de 2015 da mostra cinematográfica.
Sem a presença de Rafa Vitti, que voltou ao Rio para passar o Dia dos Pais com a filha Clara, de 4 anos, e para comemorar o aniversário da esposa, Tatá Werneck, a equipe do filme participou de debate aberto ao público na manhã deste domingo.
— Queria falar das estruturas de poder de forma geral. É um filme que nasceu num momento muito difícil, em que a sociedade encarou muitas questões de gêneros e raça — explicou Anna, que usa do humor para visitar as entranhas da sociedade. — As mulheres descem ao inferno, faz parte da vida da mulher. Somos acostumadas ao abuso. Em cima da casa grande, temos túneis e violências. O Brasil é um país muito bonito por cima, mas tem seus problemas no subsolo.
Fim de semana em Gramado
Sob muito frio, com as temperaturas abaixo dos 10 graus, e com as ruas cheias de turistas e convidados (embora num número visualmente menor do que nos anos anteriores), Gramado contou com um movimentado primeiro final de semana de evento. A exibição fora de competição de “Motel Destino”, de Karim Aïnouz, marcou a abertura do evento na noite de sexta.
No sábado, além da sessão de “O clube das mulheres de negócio”, o Palácio dos Festivais de Gramado recebeu uma homenagem a Matheus Nachtergaele, que recebeu o Troféu Oscarito pelo conjunto de sua obra. A noite chegou ao fim com a exibição especial do primeiro episódio da série “Cidade de Deus: a luta não para”, dirigida por Aly Muritiba para o streaming da Max.
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