Geral

Snoop Dogg em Paris: como o rapper está ajudando a alavancar a audiência das Olimpíadas 2024 nos EUA

Rapper reúne carisma, conteúdo bem roteirizado e direitos de imagem das competições

Agência O Globo - GLOBO 10/08/2024
Snoop Dogg em Paris: como o rapper está ajudando a alavancar a audiência das Olimpíadas 2024 nos EUA
SNOOP DOGG EM PARIS - Foto: Reprodução/internet

O rapper Snoop Dogg tem medo de cavalos, mas isso não o impediu de aparecer no castelo de Versalhes, no último sábado, vestido de cavaleiro, para badalar as provas de hipismo que acontecem por lá na Olimpíada de Paris 2024. Ao lado da apresentadora de TV, amiga — e sócia em diversos negócios — Martha Stewart, ele até alimentou os animais. Depois, a dupla foi jantar num restaurante três estrelas Michelin, onde o músico provou, a contragosto, escargot. Deixou claro que preferia asinhas de frango fritas.

Lauryn Hill: Cantora culpa 'sensacionalismo da mídia' por baixa venda de ingressos que levou a cancelamento de turnê

'É assim que acaba': Sucesso de bilheteria nos EUA, filme com Blake Lively é proibido no Catar por cenas de beijos

Esse “rolê” não é nada aleatório. Fartamente documentado pelas câmeras da emissora de TV NBC, que transmite os Jogos nos Estados Unidos, este é apenas um dos hilários — e superroteirizados — vídeos que Snoop, de 52 anos, anda fazendo na França. Ele é uma figura quase onipresente nas arenas e virou amuleto do “team USA”: assistiu a provas de atletismo com Simone Biles, ao Dream Team do basquete masculino ganhar do Brasil ao lado da jogadora A’ja Wilson e ao skate feminino com a brasileira Leticia Bufoni. Recebeu aulas de natação de Michael Phelps e de esgrima com Michael Chamley-Watson. Antes de os Jogos começarem, carregou a tocha. Era um prenúncio do que estava por vir.

“Ficamos agradavelmente surpresos com a popularidade dele, mas você nunca subestima Snoop Dogg”, disse Molly Solomon, produtora executiva das Olimpíadas na NBC, numa coletiva de imprensa.

Flanando pelos Jogos

A decisão da empresa de colocá-lo na linha de frente da cobertura neste ano veio depois do sucesso em Tóquio em 2021. Na época, ele fez um programa para a plataforma Peacock, do grupo NBC, ao lado do ator Kevin Hart, em que comentava algumas modalidades com o humor que lhe é característico. Um vídeo dele comentando adestramento (olha os cavalos aí de novo!) foi uma sensação sem igual. Agora, sem a pandemia, Snoop flana pela Cidade-Luz apoiado na possibilidade de usufruir dos direitos de transmissão da emissora que lhe contratou — algo que muitos influenciadores não podem fazer. Seu conteúdo, portanto, reúne imagens oficiais, carisma e roteiros bem amarrados, como reproduzir uma noite no museu — do Louvre, é claro.

“O que as pessoas gostam em mim é que sou real”, disse ele ao jornal The New York Times. “É como se o tio ou pai delas estivesse assistindo aos Jogos do mesmo jeito que eu estou e elas se conectam.”

A NBC tem comemorado os números de audiência e de faturamento, comparados com os Jogos de Tóquio (2021) e de Pequim (inverno de 2022). “Claramente, as Olimpíadas estão de volta”, disse Mark Lazarus,presidente da NBC Universal Media, em coletiva.

Contexto adicional

O desempenho do time americano e o fuso horário ajudam, mas o sucesso da estratégia se baseia no uso de celebridades de alcance mundial como Snoop. Nascido Calvin Cordozar Broadus Jr., ele está na estrada desde 1992 e coleciona 16 indicações ao Grammy.

“(Temos) muito mais cultura pop, celebridades e muito mais Snoop Dogg do que tínhamos antes”, disse Rick Cordella, presidente da NBC Sports, na mesma coletiva. “Quando você adiciona entretenimento ao noticiário, vemos as pessoas voltarem e verem isso sob uma luz diferente. Se você viu Simone (Biles) e a equipe de ginástica ganharem a medalha de manhã, ainda ficará feliz em voltar à noite para ver novamente com o contexto adicional”.

O rapper está feliz com o trabalho e espera repeti-lo. Primeiro, nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, em Milão. Depois, na Olimpíada de Los Angeles, em 2028. Criado em Long Beach, Califórnia, Snoop estará em casa.

“Isto não é uma ação isolada”, disse o artista ao The New York Times. “Não estou vindo para salvar o dia. É algo que estamos construindo.”