Todo carnaval deixa uma história guardada no coração do folião. O melhor é quando essa lembrança pode ser tirada da gaveta, usada de vez em quando e, ainda por cima, carregar o status de peça de design ou mesmo de obra de arte cheia de humor. As camisas de blocos — que nada têm a ver com os comerciais abadás — são chiques assim: fantasias com assinatura (de um artista plástico, um designer, um cartunista...) que se tornam belas recordações da folia que passou.

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Nesse mundo das camisetas carnavalescas, há estreantes de talento e reis do traço. Ziraldo teve mais de 200 criações do tipo no currículo — embora o número seja uma mera estimativa —, e é considerado um papa no ramo. Somente em 2014, ele fez seis, incluindo a dos 30 anos do Simpatia É Quase Amor.

Na época, a cada cinco anos ele fazia a camisa do bloco que arrasta multidões em Ipanema. Para aquele carnaval, ele desenhou um coração mordido em destaque e escreveu com suas letras inconfundíveis: “30 Anos de Simpatia + Quase 30 de Amor”.

— Dois meses antes do carnaval chegam os pedidos, que vão de seis a sete blocos. É uma distinção ser convidado para alegrar a turma — diz Ziraldo na ocasião. — Faço o desenho em preto e branco e depois meu “mouseman” (seu assistente) passa para o computador.

Ele disse que as camisas do Simpatia são mais alegóricas. Para outros blocos, ele investiu no humor. Há grupos que, todos os anos, têm a peça assinada por Ziraldo. O Clube do Samba é um deles, cuja parceria com o cartunista vinha desde a fundação, ou seja, há 45 anos.