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Descaso e lamento: Casa de Graciliano Ramos fechada há 4 anos

12/08/2021
Descaso e lamento: Casa de Graciliano Ramos fechada há 4 anos

Desde quando o prefeito Julio Cezar (MDB) assinou uma ordem de serviço em agosto de 2017, a Casa de Graciliano Ramos está fechada em Palmeira dos Índios.

A promessa de revitalização ficou parada no tempo, atravessou seu primeiro mandato, foi objeto de fake news de que iria ser entregue e ninguém sabe ao certo quando terminará e se realmente será finalizada.

A cada ano que se passou uma desculpa é dada a população de que falta uma licitação para determinada situação e o tempo vai passando e a memória do escritor que elevou o nome da cidade ao circuito cultural nacional vai sucumbindo diante da irresponsabilidade.

A Casa de Graciliano em Palmeira dos Índios, um de maiores bens patrimoniais é tratada com desprezo pela gestão do prefeito Júlio Cezar que em sua política pensa o setor de forma estreita.

A não ser o fomento a apresentação de artistas com as conhecidas “lives”, com recursos da Lei Aldir Blanc, nada foi feito de consistente para a cultura palmeirense que continua a patinar na atual gestão.

Apenas essas apresentações de shows musicais patrocinadas com recursos do governo federal não abre a lacuna de vez, e remonta Júlio Cezar aos tempos antigos- onde ele imita os imperadores romanos dando circo ao povo, esquecendo o âmago da tradição da população palmeirense.

IPHAN liberou a verba

A propagada e efusiva divulgação da reforma do imóvel que abriga um pequeno museu de um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos está inacabada como tantas obras do prefeito Julio Cezar (vide açude do Goití) que só conseguiu finalizar em sua gestão obras pontuais, pequenas e outras oriundas do Governo de Alagoas ou com recursos federais garantidos ainda na gestão de James Ribeiro (2012 a 2016).

A promessa era que a obra da casa de Graciliano Ramos deveria ficar pronta em até seis meses. Já se passam quatro anos e a casa está fechada ao público.

Orçada a reforma em apenas R$ 500 mil, sendo R$ 250 mil provenientes do Iphan (liberados no ato da assinatura da ordem de serviço) e os outros 50% de contrapartida da Prefeitura de Palmeira, um dos maiores símbolos culturais do Município é motivo de indignação de turistas que vêm a Palmeira dos Índios conhecer a Casa do escritor e a encontram fechada. Familiares do escritor lamentam o descaso.

Só lero

A promessa do prefeito de Palmeira dos Índios Julio Cezar era devolver ao município “os equipamentos culturais sucateados pela ação do tempo e, também, pelo descaso de gestões passadas”, porém sua promessa não foi cumprida.

“Modernizar a Casa Museu é devolver aos palmeirenses o que nunca deveria ter sido tirado. É resgatar a cultura e, também, os equipamentos culturais. Depois da reforma, promovida pelo Iphan, os pertences de Graciliano ficarão abrigados em uma estrutura moderna, onde serão exibidos trechos de filmes, livros e documentários referentes à obra e vida do escritor e ex-prefeito palmeirense”, disse o prefeito em 2017 que até hoje não honrou seu compromisso.

A contratação para a reforma da Casa de Graciliano visava solucionar problemas patológicos da edificação, qualificar o espaço expositivo para abrigar de maneira satisfatória a nova museografia, o acervo bibliográfico, documental e iconográfico sobre vida e obra do escritor. Com a nova configuração, o museu iria restabelecer condições para seu funcionamento como equipamento cultural do município, podendo receber pesquisadores, estudantes e usuários espontâneos com melhor acolhimento.

No ano passado em plena campanha eleitoral o prefeito Júlio Cezar simulou uma ordem de serviço afirmando que em dezembro do ano passado entregaria a casa ao público. A fake news foi até alvo de postagem do senador Fernando Collor que deu publicidade ao engodo em sua página no Instagram.

Referência

Alagoas foi e é morada de grandes estrelas da literatura. É o caso de Graciliano Ramos. A casa onde morou se transformou em Museu no ano de 1973. O espaço guardava utensílios pessoais, fotos, capas de edições originais, vestuário e documentos, como um esquema de construção do livro Infância, de próprio punho, ou as versões originais em Braille de Angústia, que revelam um pouco da rica trajetória do escritor.
Na casa foi anexado um auditório nos idos dos anos 80. Reformado às pressas em 2017, não oferece o conforto necessário para abrigar seus usuários.