Finanças
Mulheres recebem 21,2% menos do que homens no setor privado, aponta relatório do MTE
Documento revela agravamento da disparidade salarial e destaca Rio de Janeiro como estado com maior desigualdade; mulheres negras enfrentam ainda mais obstáculos
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou nesta segunda-feira o Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, trazendo à tona um dado preocupante: as mulheres que atuam no setor privado brasileiro recebem, em média, 21,2% menos do que os homens. Enquanto a remuneração média das mulheres é de R$ 3.908,76, os homens alcançam até R$ 4.958,43.
A situação, segundo o relatório, vem se agravando. Em março de 2024, a diferença era de 19,4%. Em setembro, subiu para 20,7%. Já no relatório de abril deste ano, o percentual foi de 20,9%, chegando agora a 21,2%.
No ranking dos estados, Rio de Janeiro e Paraná lideram com a maior desigualdade salarial, ambos com 28,5%. Em seguida aparecem Santa Catarina (27,9%), Mato Grosso (27,9%) e Espírito Santo (26,9%). O Piauí apresenta o menor índice, com diferença de 7,2%.
Os dados do relatório têm como base o Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS), que analisou cerca de 54 mil empresas com 100 ou mais empregados, considerando o período do segundo semestre de 2024 ao primeiro semestre de 2025.
Foram avaliados mais de 19,4 milhões de vínculos empregatícios, sendo 58,9% de homens e 41,1% de mulheres.
Mais mulheres, menos equidade
O estudo destaca que o número de mulheres empregadas em grandes empresas cresceu de 7,2 milhões em 2023 para 8 milhões em 2025, um aumento de 1,1%. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, mostram que o número de mulheres ocupadas subiu em mais de 6,7 milhões entre o segundo trimestre de 2016 e o segundo trimestre de 2025. Entre os homens, o crescimento foi de 5,8 milhões no mesmo período.
Apesar do avanço, a massa de rendimentos das mulheres — ou seja, o total recebido por todas as mulheres ocupadas — correspondeu a apenas 35% do total. Caso esse percentual acompanhasse a evolução da presença feminina no mercado de trabalho, cerca de R$ 92,7 bilhões poderiam ser injetados na economia.
Mulheres negras enfrentam desigualdade ainda maior
O relatório evidencia que a disparidade é mais acentuada entre mulheres negras e homens não negros. A diferença salarial atinge 33,5%: enquanto homens não negros recebem, em média, R$ 2.764,30, mulheres negras não ultrapassam R$ 1.836.
A desigualdade cresce ainda mais quando considerado o rendimento médio (salário acrescido de adicionais, como horas extras): mulheres negras recebem R$ 2.986,50, enquanto homens não negros chegam a R$ 6.391,94 — uma diferença de 53,3%.
Apesar de avanços, como o aumento de 21,1% no número de empresas com pelo menos 10% de mulheres negras desde 2023, a desigualdade persiste.
Entre as justificativas apresentadas pelas empresas para as diferenças salariais, destacam-se o tempo de experiência (78,7%), cumprimento de metas de produção (64,9%) e existência de planos de cargos, salários ou carreira (56,4%).
O MTE ressalta a importância de medidas de apoio, como licenças parentais e acesso a creches, para ampliar a participação feminina no mercado de trabalho. Contudo, o relatório aponta que apenas 21,9% das empresas oferecem auxílio-creche e somente 20,9% adotam licença parental estendida.
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