Finanças
Geely adquire 26% da Renault no Brasil e vai produzir veículos no Paraná
Parceria prevê fabricação de até 400 mil veículos por ano em São José dos Pinhais; produção atual da Renault é de 180 mil unidades anuais
A montadora chinesa Geely está adquirindo 26,4% da operação da Renault no Brasil, em um acordo que permitirá a produção de veículos na fábrica do grupo francês em São José dos Pinhais, no Paraná. O objetivo é expandir a presença das marcas na América do Sul.
Com a parceria, a Geely — proprietária das marcas Volvo e Lotus — terá acesso à fábrica, ao centro de engenharia da Renault e a cerca de 250 pontos de venda operados pela rede da empresa francesa.
Já a Renault fortalecerá sua produção local e terá acesso às plataformas de fabricação de veículos de múltiplas energias da Geely, ampliando sua linha de carros de baixa e zero emissão. Os detalhes financeiros do acordo não foram divulgados.
"A transação faz parte da continuidade da cooperação estratégica entre o Renault Group e a Geely e busca reforçar o desenvolvimento das marcas no Brasil, além de permitir a introdução de novos veículos com baixas emissões de carbono", afirmaram as empresas em comunicado divulgado nesta segunda-feira.
Competitividade
A produção dos veículos da Geely na fábrica da Renault, ao lado dos modelos do grupo francês, permitirá à Renault do Brasil aumentar sua capacidade e reforçar a competitividade do complexo industrial em São José dos Pinhais.
As duas empresas já mantêm parceria na Horse Powertrain, unidade criada em 2024 para produção de motores a combustão e híbridos. Além disso, a Geely adquiriu 34% da Renault Korea em 2022 e, em 2010, comprou a divisão automotiva da sueca Volvo.
Outras parcerias
A Renault tem firmado acordos tecnológicos para expandir seus negócios fora da Europa, incluindo parcerias com Qualcomm, Google (da Alphabet) e a própria Geely, inclusive na Coreia do Sul. Ao mesmo tempo, montadoras chinesas ampliam sua participação na Europa, aumentando a competição com modelos acessíveis, segmento em que a Renault é tradicional.
— O mercado brasileiro está mudando rapidamente, com forte crescimento dos fabricantes chineses — afirmou Fabrice Cambolive, diretor de crescimento da Renault, em coletiva de imprensa. — A participação dos veículos elétricos ainda é baixa, mas há demanda crescente por híbridos leves e híbridos.
A Renault do Brasil passará a adotar novo nome, e o conselho da nova empresa terá representantes da Renault e da Geely. O diretor-presidente será indicado pela Renault, que permanece como acionista controladora.
Participação no mercado
Atualmente, a Renault detém 5% do mercado brasileiro. Com o apoio da Geely, a expectativa é que esse percentual dobre em até cinco anos, segundo Cambolive.
O acordo prevê a produção de cerca de 400 mil veículos por ano no Brasil, incluindo modelos como o Kardian, crossover compacto. Em 2024, a Renault produziu 180 mil unidades no país.
— Vamos compartilhar nosso know-how; a Geely nos dará acesso às suas plataformas — destacou Cambolive, citando alianças anteriores, como a com a Nissan. — O objetivo agora é acelerar a segunda etapa do nosso plano internacional.
O grupo francês já havia sinalizado, em julho, que priorizaria a América do Sul e a Índia para seu desenvolvimento internacional.
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