Esportes
Maratonista queimada pelo ex é 3ª atleta de ponta vítima em casos investigados como feminicídio no Quênia
Uma em cada três mulheres já sofreu violência física no país, aponta estudo; Rebecca Cheptegei sofreu falência múltipla dos órgãos após ter 80% do corpo afetado pelas chamas
Um novo caso de feminicídio no mundo do atletismo do Quênia provocou uma onda de indignação. A maratonista ugandesa Rebecca Cheptegei morreu, quatro dias depois de ter sido queimada por um homem apresentado como seu ex-companheiro.
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Os últimos dados publicados pelo Escritório Nacional de Estatística do Quênia, em janeiro de 2023, apontam que 34% das mulheres no país sofreram algum tipo de violência física a partir dos 15 anos.
Nos últimos anos, o Quênia foi marcado por casos semelhantes ao de Rebecca, no mundo do atletismo. A ugandesa é a terceira corredora vítima num caso suspeito de feminicídio desde 2021.
Em abril de 2022, a atleta nascida no Quênia Damaris Mutua foi encontrada morta, em Iten, um polo mundialmente conhecido no mundo do atletismo que fica no Vale do Rift. As autoridades locais suspeitam que o namorado dela à época, um atleta etíope, a tenha matado por estrangulamento.
Em outubro de 2021, a atleta queniana Agnes Tirop, de 25 anos, medalhista de bronze nos 10.000 metros nos Mundiais de 2017 e 2019 e quarta colocada nos 5.000 metros nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, morreu depois de ter sido esfaqueada em sua casa em Iten. Seu marido Emmanuel Ibrahim Rotich está sendo processado pelo assassinato, mas nega as acusações.
Uma instituição batizada de Tirop's Angels (Anjos de Tirop) foi aberta para a defesa de mulheres vítimas de violência.
Depois do caso de Rebecca, Njeri Migwi, cofundadora da associação Usikimye (“Não fique calado” em suaíli), um refúgio para vítimas de violência sexual e de gênero, pediu o "fim dos feminicídios". A atleta romena de origem queniana Joan Chelimo disse estar "profundamente abalada e indignada" com a morte de Rebecca. "Esta violência sem sentido deve parar", afirmou no Instagram.
Suspeito invadiu propriedade
A atleta de 33 anos, que disputou a maratona nos Jogos Olímpicos de Paris em agosto (terminou na 44ª posição), "morreu por volta das 5h30" locais, anunciou Kimani Mbugua, médico que dirige a UTI do Moi Teaching and Referral Hospital (MTRH) na cidade de Eldoret.
— Os ferimentos... cobriam a maior parte de seu corpo. Isso levou à falência de múltiplos órgãos. Fizemos o nosso melhor, mas não tivemos sucesso — disse. — Considerando a idade e as queimaduras em mais de 80% do corpo que ela sofreu, a esperança de recuperação era pequena.
Segundo um boletim policial consultado pela AFP, o suspeito, identificado como Dickson Ndiema Marangach, invadiu no domingo (1º) a propriedade de Rebecca Cheptegei, quando ela estava na igreja com as filhas.
A atleta vivia com sua irmã e s duas filhas em uma casa construída na localidade de Endebess, a 25 quilômetros da fronteira com Uganda, informou seu pai, Joseph Cheptegei.
Quando retornaram da igreja, o suspeito jogou gasolina no corpo da atleta e ateou fogo na frente das filhas, de 9 e 11 anos, segundo o jornal The Standard.
Briga por terreno
O boletim policial apresenta Rebecca Cheptegei e Dickson Ndiema Marangach como "um casal que constantemente tinha discussões familiares".
Segundo o pai de Rebecca, o ataque contra a filha começou por uma disputa sobre um terreno que havia comprado.
— Foi o terreno que comprou que causou os problemas — disse Joseph Cheptegei, antes de pedir ao governo que "cuide da sua propriedade e de seus filhos".
Os dirigentes do atletismo e ativistas dos direitos das mulheres condenaram o assassinato.
O presidente do Comitê Olímpico de Uganda, Donald Rukare, denunciou em uma mensagem na rede X "um ato covarde e sem sentido que provocou a perda de uma grande atleta". “Condenamos de modo veemente a violência contra as mulheres", afirmou.
A confederação de atletismo do Quênia, a 'Athletics Kenya', afirmou que "a morte prematura e trágica é uma perda profunda" e exigiu "o fim da violência de gênero".
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