Esportes
Poucos ventos e maré baixa entram na conta da avaliação do COB para não bater meta de medalhas em Paris-2024
Em entrevista coletiva, comitê fez balanço da participação do Brasil nos Jogos, encerrada no sábado
Diante dos números abaixo do esperado para a campanha do Time Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, o Comitê Olímpico do Brasil (COB), em seu balanço final sobre o evento, se apoiou no fato de que esta foi a segunda melhor campanha da História, mantendo o país na casa das 20 medalhas, além das 11 possibilidades perdidas de pódio. A entidade chega neste último número, ao considerar atletas que chegaram na disputa de medalha.
Ressaltou, mais de uma vez ao longo da entrevista para a imprensa, em Paris, neste domingo, que “o imponderável dos ventos (a vela saiu sem medalha depois de 34 anos) e das ondas do mar (Gabriel Medina era o favorito ao ouro)” impediu que o Time Brasil batesse a meta de Tóquio-2020.
– Nos preparamos para atingir o nosso melhor, trabalhamos em conjunto com as confederações, tivemos resultados brilhantes. Entendemos que foi muito bom. Alcançamos grandes objetivos. Se algumas ondas, ventos ou contratempos não tivessem acontecido teríamos quebrado o recorde – disse Ney Wilson, diretor de alto rendimento do COB.
Apesar do discurso positivo, é fato que o Brasil não bateu nenhuma das metas. Nem de colocação no quadro geral de medalhas (no momento está em 20º), nem do número total de medalhas (20 contra 21 de Tóquio-2020) e ficou longe do recorde de ouros (3 contra 7, também do Japão). O COB não divulgou meta numérica, mas projetou superar os resultados da edição anterior.
'Não temos descarte'
Questionado pelo GLOBO, Sebastian Pereira, diretor executivo de alto rendimento do COB, comentou que a entidade não tem atletas suficientes para se dar ao luxo de ter descartes na hora H.
– Temos consciência que pode melhorar. Não foi um ciclo normal para os atletas (ciclo de três anos). Foi muito difícil para todo mundo, mas para a gente principalmente porque não temos descarte, né? A gente não tem atletas (suficientes) para se dar ao luxo de não tê-los no time. Vários atletas principais tiveram problemas, e é natural. Num ciclo de quatro anos, teríamos chances de recuperá-los. Mesmo assim chegamos perto (da meta)– diz o dirigente, afirmando que somente um ano antes dos Jogos de Paris, o COB se viu com chances reais de bater o recorde quantitativo de medalhas.
Sebastian avalia ainda que a entidade chegou perto da meta, mas admite que ficou uma “dorzinha”.
– Queremos mais. Queremos que nos próximos Jogos, aumente a oportunidade de disputar uma medalha. Essa é a busca – disse
O diretor refere-se ao fato de que, diferentemente dos Estados Unidos que, a cada cinco atletas um tem grandes chances de pódio, no caso do Brasil, não. A relação é de cerca de um para três atletas, sendo que a entidade considera nomes com pequenas, médias e grandes chances de pódio. Ele afirma que em Tóquio havia mapeado 90 possibilidades de medalhas dentro de uma perspectiva muito otimista. Em Paris, o número foi um pouco menor, com 85 atletas.
–De cada três, quatro possibilidades, uma vinga. É mais ou menos essa conta que chegamos nesse momento. Poderia ter dado um pouquinho mais certo do que em Tóquio. Vimos tantas medalhinhas ali escapando… hoje poderíamos estar falando sobre outras coisas, mas faz parte do negócio — analisa.
Desenvolvimento
Ciente de que alguns multimedalhistas como Isaquias Queiroz e Rebeca Andrade deverão, em tese, disputar menos provas, ele entende que a área de desenvolvimento pode suprir as apostas com novas caras em Los Angeles-2028.
E passa pela área de Kenji Saito, diretor de desenvolvimento e ciências do esporte do COB, essa responsabilidade. O dirigente, que não foi destacado como um dos porta-vozes no balanço da Olimpíada, disse ao GLOBO que auxilia via confederações cerca de 100 jovens atletas com condições de ser o futuro do Time Brasil. São 14 modalidades, com destaque para canoagem velocidade, vela, judô, atletismo, taekwondo e ginástica.
– Em 2018, quando começamos, o investimento era de apenas R$ 500 mil. Hoje é de R$16 milhões. Sem contar os Jogos da Juventude, que é a simulação de uma Olimpíada dentro do nosso país. Hoje, 72 atletas que competiram nos Jogos da Juventude vieram para Paris – disse Kenji Saito, que não foi visto circulando em Paris para acompanhar “as novas caras”.
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