Esportes
No Dia dos Pais, as histórias dos medalhistas brasileiros que subiram ao pódio em Paris-2024 diante dos filhos
Willian Lima, Isaquias Queiroz e Caio Bonfim compartilharam momento especial com suas crias
Ser medalhista em Jogos é o auge na carreira esportiva de todo atleta olímpico. Mas um grupo seleto teve a oportunidade de viver esta experiência de forma ainda mais especial em Paris-2024, que chega ao fim hoje: subir no pódio diante dos filhos. Motivo mais que suficiente para guardar para sempre na memória o Dia dos Pais deste ano.
A data já seria marcante para Willian Lima, que se tornou pai em outubro. A esposa Maju e o filho Dom também viajaram a Paris, onde acompanharam de perto as lutas do judoca até a final olímpica. A frustração dele pela derrota não durou muito. Após o pódio, correu em direção aos dois e pôs a prata no peito do bebê.
— Ter sido medalhista na frente do Dom é uma sensação indescritível. Como se todo esforço, as lutas, sacrifícios e tudo mais se transformassem num momento de pura alegria e realização pessoal. Assim que saí do pódio e avistei ele no colo da minha esposa, vi o olhinho dele brilhando. Por mais que não tenha idade para isso, acredito que sabia o que estava acontecendo. Seus olhos brilhavam de orgulho, e isso me dá motivação — relata o paulista de 24 anos, que também conquistou um bronze em Paris na disputa por equipes.
Quando Dom nasceu, Willian publicou um texto em seu perfil no Instagram o chamando de sonho olímpico. É que ser medalhista com o filho presente não foi por acaso. Tudo foi muito planejado com Maju.
Ter um filho já era um sonho. Só que, como atleta de alto rendimento, temia que a rotina de treinos e viagens fizessem dele um pai ausente. A confiança passada pela esposa e a inspiração de outros atletas fizeram o que era apenas um desejo se transformar em decisão.
— Comecei a ver atletas de vários modalidades que passaram ser referência para mim. Eles conciliavam esporte com paternidade. Mas ainda seguia um pouco inseguro. Até que vi a cena num Grand Slam (de judô) de um atleta georgiano (Lasha Shavdatuashvili) saindo do pódio e entregando a medalha para o filho. Falei “Quero viver isso, que meu filho veja o pai dele sendo medalhista. Vencendo e não se aposentando” — contou o judoca, que vai passar o dia de hoje com Dom e com seu próprio pai.
Quando compartilhava o plano de ter um filho meses antes dos Jogos e entregar a medalha a ele, Willian era visto por alguns amigos como convencido. Mas sua confiança estava amparada no conhecimento da própria capacidade e nos pódios que vinha conquistando nos Grand Slams. Agora, quer repetir o gesto em todas as competições.
— Espero que ele entenda que toda conquista vem com muito esforço e dedicação. Quero deixar esse legado.
Quem também entregou a medalha de prata ao filho foi Isaquías Queiroz. No seu caso, teve significado diferente. De certa forma, simbolizou uma reconciliação.
Foi um ciclo difícil para o canoísta. Resultados abaixo do esperado, cobrança do público, dele mesmo... Em alguns momentos, sobrou para Sebastian, de 7 anos, que acabou alvo de suas explosões. Momentos como esse deixaram o canoísta ainda pior, já que o filho mais velho (ele também é pai de Luigi, de 1 ano) exerce papel fundamental em sua trajetória.
—Para mim foi muito importante o Sebastian ter chegado na minha vida. Amadureci, ganhei mais sabedoria. Chegar em casa, ganhar o carinho do filho, um beijo, um “te amo”. Sair de um treinamento pesado, em que vomitava às vezes de tanta dor, e receber o carinho do filho ao chegar em casa... não tem nem como explicar direito. É muito melhor do que você ganhar uma medalha olímpica — refletiu o baiano de 30 anos, que tratou seu estresse mental acompanhado pelos psicólogos do COB.
Entregar a medalha para Sebastian era algo que o próprio menino já vinha pedindo. Ele queria a de ouro. Mas não se incomodou com a prateada. Até a mordeu. Ficou tão empolgado com o objeto que o deixou cair no chão. O acidente deixou a peça lascada. Num primeiro momento, Isaquias pediu à organização dos Jogos para trocar. Mas mudou de ideia.
— Essa medalha está na história. É a minha quinta. É tão especial que tem até a marquinha do meu filho nela. Não vou pedir para trocar a medalha. Foi com ela que subi no pódio, foi com ela que comemorei com o pessoal. Então a marquinha do meu filho vai estar ali.
Por coincidência, todos os pais medalhistas em Paris pelo Brasil conquistaram a prata. Foi o caso também de Caio Bonfim, da marcha atlética, que chegou em segundo diante dos filhos Miguel e Theo, de 5 e de 2 anos.
—A medalha de prata nas Olimpíadas é uma coisa fantástica. Mas meus filhos são minhas grandes medalhas de ouro — afirmou.
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