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Cardiologista explica o que poderia ser feito na tentativa de evitar a morte do árbitro que passou mal em teste físico da Ferj

Fabricio Braga afirmou que com a falta de um médico, o uso do desfibrilador automático nos primeiros três minutos de socorro tem quase 100% de chance de sucesso

Agência O Globo - GLOBO 11/05/2024
Cardiologista explica o que poderia ser feito na tentativa de evitar a morte do árbitro que passou mal em teste físico da Ferj

O árbitro Feliphe da Cunha Oliveira Cabral da Silva, de 30 anos, morreu na manhã da última quinta-feira após passar mal durante um teste físico da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, realizado no sábado passado.

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Um amigo do árbitro, que também estava fazendo o teste físico, revelou ao jornal O DIA que Feliphe só foi retirado da pista após o fim do teste, cerca de quatro minutos depois de cair no chão passando mal. De acordo com ele, este foi o tempo que a ambulância demorou para chegar e socorre-lo.

O diretor médico do Laboratório de Performance Humana, cardiologista do Fluminense Football Club, médico da comissão de segurança do IRONMAN e médico chefe da Confederação Brasileira de Triatlo, Fabricio Braga, afirma que 4 minutos é considerado um bom tempo para uma ambulância socorrer uma pessoa. No entanto, ele afirma que o diferencial desses casos é o que pode ser feito antes da chegada do atendimento.

— A manobra de compressão torácica e a desfibrilação devem ser feitas na espera da chegada da ambulância. Imagino que, se porventura, não tem um médico presente na hora do mal súbito, que seja usado o desfibrilador automático, como aqueles de avião. Se for feito antes de 3 minutos, após a perda de consciência, a chance de sucesso é muito grande, beirando a 100%.

Fabricio, que já fez diversos testes físicos com atletas, relatou que são necessários alguns cuidados prévios à sua realização. De acordo com o cardiologista, este tipo de avaliação "determina se você tem capacidade de desempenhar aquela função, mas não diz se você está doente ou não para isso".

Apesar de entender a importância do pedido por socorro, o cardiologista do Fluminense reforça que é essencial que as pessoas que estejam em volta da vítima da parada cardiorrespiratória façam a tentativa de reanimação.

— Óbvio que chamar ajuda é importante e faz parte do processo de reanimação cardiopulmonar, mas ela deve ser iniciada por alguém que presenciou visualmente a parada cardiorrespiratória. Cada minuto que se espera para iniciar as manobras de compressão torácica e a chegada do desfibrilador diminui em torno de 10% a chance de sobrevida.

Ao falar da importância dos desfibrilador automático, o cardiologista do Fluminense fez uma crítica construtiva à falta de conhecimento das pessoas para a fazer uma massagem cardíaca manual. Ele relatou que em alguns lugares, como a cidade de Seattle, nos Estados Unidos, as pessoas são ensinadas a realizar este tipo de ação com o desfibrilador automático, ou até manualmente.