John Textor, dono da SAF do Botafogo, deixou a Cidade da Polícia, no Jazarezinho, Zona Norte do Rio, pouco depois de 19h desta quarta-feira, depois de cerca de três horas prestando esclarecimentos sobre suas denúncias de manipulação de resultados no futebol brasileiro. O empresário foi, de forma voluntária, dar seu depoimento à Delegacia do Consumidor (Decon). Ele estava acompanhado de dois advogados que vieram dos EUA, além de outro que costuma tratar de assuntos do Botafogo.

Na saída da delegacia, Textor não falou com a imprensa e foi direto para o Estádio Nilton Santos, onde a partida do Botafogo contra o Junior, pela Libertadores, já havia começado. A expectativa é que, após jogo, ele se pronuncie sobre o assunto e também apresente o português Artur Jorge, novo técnico do clube.

O americano foi denunciado ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por não apresentar as provas que alegou possuir sobre manipulação de resultados no futebol brasileiro. Ele será julgado na segunda-feira, dia 15, na primeira comissão disciplinar do tribunal e, caso seja condenado, pode ser suspenso e pagar multa. O pedido da procuradoria do STJD é para que Textor seja suspenso automaticamente.

No começo de março, o dono do Botafogo concedeu uma entrevista em que afirmou possuir gravações de árbitros comentando sobre o não pagamento de propinas prometidas. Além disso, afirmou que teria acontecido manipulação de resultados no Brasileiro dos últimos três anos.

Denúncias publicadas em site próprio

John Textor usou seu site para apontar dois jogos do Palmeiras que foram supostamente manipulados em 2022 e 2023, e que teriam sido fundamentais para que o clube fosse campeão brasileiro nestes anos. Sem apresentar provas, e baseado em "experts e inteligência artificial", o americano identificou duas goleadas alviverdes, contra Fortaleza (4 a 0) e São Paulo (5 a 0), respectivamente, que teriam possíveis erros.

Na segunda-feira, ele já havia afirmado que possuía "provas pesadas" de que o clube paulista faz parte de um esquema que já dura duas temporadas.

Além disso, Textor indicou que pelo menos quatro jogadores do Fortaleza e cinco do São Paulo — sem identificar nomes — apresentaram comportamentos "anormais" em situações de gols do Palmeiras. Isso configuraria "evidências convincentes" da manipulação.

Kajuru pede investigação do empresário

As denúncias já são alvo de investigação na Justiça Desportiva. No entanto, o empresário até agora ignorou os pedidos pela apresentação de provas e alega que só entregará as evidências ao Ministério Público Federal (MPF). O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) anunciou o envio do pedido à PF nesta terça, em sessão no Senado. O documento também foi assinado pelos senadores Eduardo Girão (Novo-CE) e Carlos Portinho (PL-RJ).

— Eu fiz o pedido, a solicitação, pelo respeito que tenho ao diretor Andrei, para mim o melhor diretor da história da Polícia Federal, e sei que ele é independente, e que ele imediatamente iria convocar esse cidadão americano que chegou no Brasil e começou a jogar tudo no ventilador.Tem 45 dias que ele fala ter gravação de árbitro cobrando propina de jogo que ele manipulou, até agora ele não apresentou — disse ao EXTRA.

Kajuru classificou as falas do dono do Botafogo como "gravíssimas". Segundo ele, Textor deve ser preso, caso as denúncias não sejam comprovadas.

— Comentei com o diretor da Polícia Federal que, na minha opinião, como senador da República e presidente da CPI da manipulação, qualquer um dos casos cabe condenação. Ou a ele [Textor], se ele não apresentar as provas, ou aos que tenham cometido esses supostos crimes denunciados.