Quando a bola oval voar a partir das 20h30 desta noite (horário de Brasília), na cidade de Las Vegas, San Francisco 49ers e Kansas City Chiefs poderão reescrever a história. O primeiro é um dos grandes campeões em 58 anos da era Super Bowl, mas há 29 não sabe o que é reinar no topo do futebol americano. O outro é o maior caso recente de sucesso na NFL, e tenta estabelecer uma dinastia que não é vista há duas décadas.

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Por mais que os 49ers tenham feito uma melhor campanha e sejam uma equipe mais talentosa e consistente ao longo da temporada, sendo indicados como ligeiros favoritos ao título, o protagonismo recai sobre o outro lado, do atual campeão liderado pelo quarterback Patrick Mahomes. Aos 28 anos, ele já tem credenciais suficientes para ser apontado com um dos grandes nomes da história.

Seu surgimento na NFL coincide diretamente com a volta dos Chiefs ao posto de vencedores. Até então, campeã apenas na temporada 1969/70, a franquia treinada por Andy Reid chega ao quarto Super Bowl nos últimos cinco anos, com duas vitórias (2019/20 e 2022/23) e um vice (2020/21). O primeiro foi conquistado em cima dos mesmos 49ers.

Hegemonia à vista

Nenhuma equipe é campeã por dois anos seguidos desde o New England Patriots de 2003/04 e 2004/05, a última dinastia, liderada pelo lendário Tom Brady.

— A NFL é uma liga desenhada para que haja paridade. Para chegar lá (bicampeonato), as estrelas precisam se alinhar, os coadjuvantes serem mágicos, e provavelmente você precisa de um quarterback mais mágico ainda, coisa que havia em 2004 com Brady, e que há em 2024 com Mahomes — analisa Antony Curti, comentarista da NFL na ESPN.

O astro dos Chiefs persegue o legado do maior de todos os tempos, com sete títulos conquistados, e dará um grande passo caso vença seu terceiro Super Bowl aos 28 anos. Ele se tornaria o segundo tricampeão mais jovem, atrás apenas de Brady, que o fez aos 27.

Para isso, enfrentará uma equipe que vem batendo na trave há uma década, mas segue chegando forte. Cinco vezes campeão do Super Bowl, San Francisco foi vice em 2012/13 e 2019/20, e anseia poder se sagrar vencedor novamente, empatando com Patriots e Pittsburgh Steelers — seis títulos cada — no topo da hierarquia.

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Treinador do time desde 2017, Kyle Shanahan conta com líderes bem mais consistentes desta vez — a começar por Brock Purdy. Em seu segundo ano na liga, o quarterback escolhido na última posição do draft de 2022 será o terceiro mais jovem (24 anos) a disputar uma decisão. Ele mostrou saber comandar como poucos o esquema de jogo do ataque.

— Os 49ers começaram a temporada tendo o melhor elenco da NFL (e vão terminar assim também). Shanahan consegue potencializar o melhor de seus jogadores com um ataque versátil e eficiente. Em 2023, quatro deles passaram das mil jardas. É um feito enorme ter isso só no seu time — comenta Anna Carolina Brasil, analista do ProFootball.

Caminhos para o título

O favoritismo apontado para os 49ers leva em consideração as atuações mais sólidas durante 2023. Purdy foi um dos candidatos a melhor jogador (MVP), assim como o corredor Christian McCaffrey, o melhor da liga. A defesa talentosa já viveu dias melhores, mas terá um alto potencial de decisão.

As dificuldades que os Chiefs encontraram, principalmente com seus recebedores, não credenciavam a equipe para a briga pelo bicampeonato. Porém, a estrela do quarterback e de uma ótima defesa fizeram tudo mudar da água para o vinho nos playoffs. Isso também vale para Travis Kelce — personagem mais popular após começar a namorar a cantora Taylor Swift —, que voltou aos seus dias de melhor tight end (espécie de recebedor) da liga.

— Para os 49ers, a principal missão é, obviamente, neutralizar o Mahomes. Você tem que pressioná-lo, dar um jeito de incomodá-lo. E a linha defensiva de San Francisco é muito forte — diz Paulo Antunes, comentarista da ESPN. — Já os Chiefs precisam parar o McCaffrey. Tudo que San Francisco faz começa com ele. Então, você força o Purdy a vencer o jogo sozinho, com passes, o que pode provocar erros — conclui.