Esportes
Segurança é o tendão de Aquiles dos Jogos Olímpicos de Paris-2024; entenda
Segundo o presidente Macron, Cerimônia de Abertura, no rio Sena, pode sofrer mudanças por questões de segurança
Com uma cerimônia de abertura potencialmente muito exposta, em que os atletas desfilarão em barcos pelo rio Sena, o terrorismo e os ataques cibernéticos tornaram-se os principais desafios dos Jogos Olímpicos de Paris, segundo Thomas Collomb, diretor executivo de segurança de Paris-2024.
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A importância da cerimônia de abertura é considerável: é um dos momentos esportivos mais assistidos do mundo. Depois do desfile, shows acontecerão no Trocadero. Essa será a primeira vez na história que a Cerimônia de Abertura não será realizada dentro de um estádio. A proposta desta Olimpíada, que acontecerá entre 26 de julho e 11 de agosto deste ano, é a de um evento próximo ao público. A maratona, por exemplo, terá prova para atletas e depois para amadores no mesmo percurso.
São esperados 600 mil espectadores, entre público pagante e não-pagante, para ver cerca de 10 mil atletas das delegações, em 100 barcos, desfilarem por seis quilômetros entre as pontes Austerlitz e Iena.
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Pela ideia inicial, 100 mil espectadores ficarão nos cais baixos com lugares pagos (o preço causou polêmica, até 2.700€ ou R$ 14.600) e 500 mil, nos cais altos com acesso gratuito (a bilheteria para a retirada destes tickets não foi aberta ainda).
Segundo o Comitê Local, além do efetivo privado que ainda está sendo contratado, 35 mil policiais e soldados serão mobilizados para o primeiro grande evento dos Jogos. Haverá ainda dois mil agentes privados para monitorar as tendas dos que adquiriram ingressos e outros dois mil agentes municipais em áreas dos cais elevados.
De acordo com os organizadores, a quarta e última etapa do Plano de Segurança Privada será finalizado neste primeiro trimestre do ano. E, apesar das dificuldades, esperam concluir as contratações. O orçamento de segurança “para os Jogos como um todo” passará de 200 milhões de euros (mais de um bilhão de reais).
Para a cerimônia de abertura, serão criados três perímetros de segurança que começarão a funcionar dias antes da festa e que ainda serão alargados em 26 de julho. Algumas estações de metrô, em áreas de alta vulnerabilidade a um possível ataque, serão fechadas.
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A circulação de pessoas e veículos será interditada em uma zona de mais 10km em torno do rio Sena. Moradores e comerciantes terão de fazer um cadastro para acessar essas regiões. Chegou-se a dizer que elas também teriam de registrar quaisquer visitantes que quisessem assistir à ação de suas varandas, janelas, telhados ou até “casas flutuantes”.
— As únicas pessoas que conseguirão passar serão as com um motivo válido, ou seja, as pessoas que vão para o seu hotel, ou para a sua casa, ou as pessoas com bilhete para a cerimônia — disse o chefe de polícia de Paris, Laurent Nunez, motivo pelo qual causou revolta dos moradores e políticos.
Segundo ao canal de TV estatal France 24, o deputado centrista Philippe Bonnecarrere disse que “estas medidas são a marca de um estado de emergência” e que considerava “curioso” que serão aplicadas “numa situação que se supõe ser feliz”. A senadora Nathalie Goulet, também centrista, falou que as medidas eram “um ataque às liberdades”. E que o código QR, que seria fornecido aos moradores após cadastro, exigia “coleta e armazenamento de dados”, exigindo assim “uma explicação” do governo sobre proteção de dados.
Plano B
Os 100 mil bilhetes para a abertura já foram vendidos e há a possibilidade de redução de espectadores no cais alto por questões de segurança. Além disso, apesar de a ministra francesa do Esporte, Amélie Oudéa-Castéra, ter assegurado no início de dezembro que não tinha “plano B” para a cerimônia no rio Sena, o presidente Emmanuel Macron afirmou que a França está preparada para mudanças caso a situação de segurança assim exija.
— Dado que somos profissionais, obviamente existe um plano B, plano C, etc. — disse Macron à televisão France 5, no último dia 20, sem dar detalhes.
Autoridades de segurança europeias alertam para risco crescente de ataques de militantes islâmicos em meio à guerra Israel-Hamas, com maior ameaça vinda de “lobos solitários”, que são mais difíceis de rastrear.
A França vive fase de alerta desde outubro, quando um homem com uma faca matou um professor numa escola no norte do país. Em dezembro, uma pessoa morreu e outras duas ficaram feridas depois que um homem atacou turistas no centro de Paris, perto da Torre Eiffel. Além disso, alertas de bombas em atrações turísticas como Museu do Louvre e Palácio de Versalhes aumentaram.
Dois atentados mancham a história dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. O último, em 1996, quando uma pessoa foi morta e 111 outras ficaram feridas quando uma bomba explodiu no Parque Olímpico de Atlanta. E em 1972, em Munique, quando membros do grupo terrorista palestino Setembro Negro invadiram a Vila Olímpica e 11 israelenses foram mortos no local e após sequestro, fuga em helicóptero e explosão.
Transporte é outra questão
Além disso, segundo a prefeita parisiense Anne Hidalg, transporte e abrigo de pessoas em situação de rua também são questões delicadas.
— Não quero retirá-los ou escondê-los (durante os Jogos). Deveria haver um legado social — disse ela ao Le Quotidien, do canal TMC, no final de novembro.
Hotéis com menos prestígio e que costumam ceder espaços às autoridades para funcionamento de abrigo temporário, planejam alugar quartos durante os Jogos.
Já o ministro do Transporte, Clément Beaune, admitiu que o transporte será um desafio, uma vez que o governo assumiu o “compromisso de que 100% do acesso aos locais de competição poderia ser feito por meio de transportes públicos”. O bilhete de metrô dobrará de preço para cobrir custos operacionais.
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