Esportes
Chiefs em busca de dinastia, Rodgers nos Jets e volta de Damar Hamlin: as melhores histórias da NFL em 2023
Primeiro domingo de jogos da liga de futebol americano acontece hoje e começa a decifrar os mistérios da nova temporada
Entre todas as histórias da nova temporada da NFL, que terá grande parte dos jogos da primeira rodada acontecendo na tarde de hoje, uma das principais é a possibilidade do estabelecimento de uma dinastia do Kansas City Chiefs. Mesmo derrotado pelo Detroit Lions em casa na quinta-feira, na abertura da liga, o time do quarterback — a principal posição do futebol americano — Patrick Mahomes é o atual campeão do Super Bowl.
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Vencedor de duas das últimas quatro temporadas — período que inclui um vice-campeonato —, o time se vê diante da chance de ser o primeiro campeão em anos consecutivos desde o New England Patriots de 2003 e 2004. Porém, não é fácil exercer dominância em uma das ligas esportivas mais equilibradas do planeta, o que a derrota na estreia deixa claro.
Um dos reais candidatos a destronar a franquia do estado do Missouri é o Cincinnati Bengals. O time do quarterback Joe Burrow teve algumas perdas defensivas, mas manteve o esqueleto do ataque. Além disso, Burrow, com três anos de carreira profissional, é um jogador que demonstra uma frieza diferente. Não à toa, recebeu nesta semana uma extensão contratual de cinco anos, no valor de 275 milhões de dólares (R$ 1,37 bilhão), quebrando o recorde da história da liga.
Também será preciso ver até onde vai o San Francisco 49ers, a equipe do mirabolante técnico Kyle Shanahan, que, neste ano, está definitivamente nas mãos de Brock Purdy. O quarterback foi a última escolha do draft — a seleção de jogadores universitários — de 2022, e surpreendeu a liga com seu desempenho de calouro. Ao demonstrar que conhece os caminhos para fazer o esquema de Shanahan funcionar, o passo na direção do título depende da sua afirmação em um ano de expectativas mais altas.
Já o Philadelphia Eagles, atual vice-campeão do Super Bowl, perder muitos jogadores importantes, além de seus coordenadores ofensivo e defensivo. Porém, o quarterback Jalen Hurts retorna com contrato novo, a equipe conseguiu reposições, e ainda fez um draft cirúrgico. As preocupações podem ser geradas por um calendário considerado difícil, e pelo fato de jogar na divisão mais equilibrada da história recente.
Desde que os próprios Eagles faturaram a NFC Leste quatro vezes entre 2001 e 2004, nunca mais houve um vencedor igual por dois anos seguidos — a maior sequência da liga. Atuais campeões, os Eagles têm a concorrência dos rivais Dallas Cowboys e New York Giants, de Brian Daboll, eleito o melhor treinador da última temporada.
Por sua vez, os Cowboys tem uma das melhores defesas da NFL, comandada por Micah Parsons, e adicionou o experiente Stephon Gillmore ao grupo. No entanto, para este time quebrar um jejum de quase três décadas sem título, precisa que seu quarterback Dak Prescott finalmente conduza uma boa campanha nos playoffs. Enquanto a paciência com ele não chega ao fim, a franquia de Dallas chega ainda mais inteira neste ano.
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A que vem Rodgers e Wilson?
Dois times com quarterbacks experientes chegam com expectativas distintas para esta temporada. O New York Jets contratou Aaron Rodgers, após 18 anos no Green Bay Packers. Ao lado dele, estarão os jovens Sauce Gardner e Garrett Wilson, ambos eleitos calouros do ano em 2022 (defensivo e ofensivo, respectivamente). A impressão de um time que poderia ter almejado grandes coisas caso tivesse um líder à altura pode ser confirmada neste ano.
Quatro vezes eleito MVP — melhor jogador da temporada —, o veterano de 39 anos assume um novo desafio na carreira, na busca por seu segundo título. Uma dose de motivação em um ambiente novo parece ser o ingrediente necessário, e o trabalho do treinador Robert Saleh é qualificado. Porém, ainda é preciso ver como este Jets se sairá em campo para entendermos se é candidato a algo.
Até porque a nova "super equipe" está em uma das divisões mais equilibradas da liga, a AFC Leste. A concorrência de Buffalo Bills, Miami Dolphins e New England Patriots resultará em confrontos equilibrados para todos. O desempenho dos Bills foi frustrante nos últimos playoffs, mas Josh Allen sempre traz boas expectativas. Já os outros têm comandos técnicos da mais alta qualidade — Bill Belichick segue interminável nos Patriots.
No ano passado, o Denver Broncos também prometeu grandes coisas estando em um lugar similar. A chegada de Russell Wilson parecia ser a peça que faltava para o time virar candidato. Na prática, aconteceu uma temporada desastrosa e distante de qualquer pretensão de título. No segundo capítulo de Wilson no Colorado, os Broncos pagaram caro para contratar o cobiçado treinador Sean Payton. Ou ele fará a equipe entregar o que vem sendo esperado há um ano, ou o projeto afundará de vez.
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Muito dinheiro para uns, pouco para outros
Essa foi uma intertemporada onde os salários pagos para quarterbacks deram o que falar. Além dos valores recordes de Joe Burrow, quem também acertou extensão de contrato de cinco anos foi Jalen Hurts nos Eagles, por 255 milhões de dólares (cerca de R$ 1,27 bilhão).
Justin Herbert, grande nome do Los Angeles Chargers, estendeu o vínculo pelo mesmo tempo, por 262,5 milhões de dólares (R$ 1,3 bilhão). Herbert é um grande talento, mas precisa que seu ataque fique saudável e que a defesa esteja à altura, o que não aconteceu em 2022.
Outro atleta que conseguiu "ser pago" foi Lamar Jackson. Apesar das dificuldades que apresenta no jogo aéreo, o Baltimore Ravens confiou em seu jogador e lhe pagou 260 milhões de dólares (R$ 1,29 bilhão) por mais cinco anos. Junto a isso, contratou o estrelado recebedor Odell Beckham Jr. para reforçar o elenco. Lamar tem agora as condições para finalmente se provar como bom passador e um jogador capaz de conduzir os Ravens ao título.
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Quem fica satisfeito a cada contrato de valores recordes é a diretoria dos Chiefs. Em 2020, após o primeiro título da geração, renovou o contrato de Mahomes por dez anos, no valor de 503 milhões de dólares (R$ 2,7 bilhões na cotação da época). Porém, a média salarial para o melhor jogador da liga é apenas a 9ª da atualidade, e por um período de permanência bem mais longo.
Os corredores também protagonizaram brigas por grandes contratos nos últimos meses. Por ser uma posição de mais impacto físico e que tem um dos maiores declínios no esporte, à medida que a idade avança, as franquias da NFL passaram a ter mais cautela ao entregar-lhes muito dinheiro.
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Insatisfeitos, jogadores como Josh Jacobs (Las Vegas Raiders), Saquon Barkley (Giants) e Jonathan Taylor (Indianapolis Colts) efetivamente se reuniram e fizeram uma espécie de greve para buscar salários mais altos. No final das contas, não conseguiram grandes contratos.
Jacobs e Barkley renovaram por apenas um ano, enquanto Taylor ainda está em litígio com os Colts para saber se entra em campo ou se será trocado. Tony Pollard, dos Cowboys, que sofreu grave lesão na temporada passada, teve a mesma extensão e será outro a brigar por valorização em 2024.
Novas caras e times a se provar
Toda temporada traz a expectativa de como a nova classe de calouros performará. Três das quatro primeiras escolhas do draft de 2023 foram quarterbacks: Bryce Young (Carolina Panthers), C.J. Stroud (Houston Texans) e Anthony Richardson (Colts). A segunda franquia ainda fez um esforço para ter a prioridade de escolher o defensor Will Anderson Jr.
A forma que os jovens se adaptam à liga nunca é algo garantido. As equipes em questão vivem processo de reconstrução, não prometem a melhor competitividade e dependem muito que suas apostas cresçam e as leve junto para o topo. Ainda assim, é um grupo de jogadores que promete bastante. O corredor Bijan Robinson (Atlanta Falcons) carrega o status de ser um dos melhores da posição nos últimos anos.
Em 2021, Trevor Lawrence foi selecionado pelo Jacksonville Jaguars e não teve um primeiro ano dos sonhos. Porém, o desempenho da última temporada, que incluiu uma grande vitória nos playoffs contra os Chargers, faz a equipe da Flórida sonhar com objetivos maiores desta vez, pautados em cima de seu líder em ascensão.
A nova NFL reserva desde duelos individuais, em uma briga pelo prêmio de MVP que promete ser empolgante, até a busca por afirmação de equipes que deram indícios de sua capacidade, como o Seattle Seahawks ou o próprio Lions, que deu um aviso à liga na quinta-feira. Após um longo inverno, muitas perguntas começarão a ser respondidas quando a bola oval voar em definitivo, a partir das 14h de hoje.
Um troféu para Damar Hamlin
E claro, a grande história desta primeira semana de futebol americano deve acontecer na noite da segunda: a volta de Damar Hamlin, o jogador dos Bills que quase morreu ao sofrer uma parada cardíaca durante uma partida em janeiro deste ano. Ele precisou ficar internado durante dias, até acordar e se reestabelecer.
Sem apresentar mais nenhuma condição grave, passou por todas as exigências médicas e já atuou nas partidas da pré-temporada. No momento que o defensor pisar em campo contra os Jets, será uma vitória para ele e todos os apaixonados pelo esporte.
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