Economia

Vendido a R$ 105, azeite é exposto com lacre antifurto em mercado da Zona Sul do Rio

Em julho de 2024, observou-se um aumento significativo em relação a janeiro, com o preço médio do extravirgem subindo 16,2% para embalagens de 500ml

Agência O Globo - EXTRA 03/09/2024
Vendido a R$ 105, azeite é exposto com lacre antifurto em mercado da Zona Sul do Rio

O azeite, item tradicional na culinária brasileira, virou artigo de luxo. O indicativo não está apenas na etiqueta, que chega a marcar R$ 105,90 (por 500ml de um extra virgem) no mercado Pão de Açúcar, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Na mesma unidade, procedimento de segurança é adotado na exposição dos itens, que contam com lacre antifurto.

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Procurada, a rede Pão de Açúcar informou que se por ser um produto de alto valor agregado, "segue o padrão da companhia para procedimentos adicionais de proteção". Em relação ao preço, disse que "trabalha com um sortimento variado de azeites, com diferentes faixas de preços e opções a partir de R$ 47,00".

De acordo com o Estudo de Preço Mensal da Horus/Neogrid, nos últimos 12 meses, o preço do azeite tem demonstrado um padrão de alta no Brasil. Em julho de 2024, observou-se um aumento significativo em relação a janeiro, com o preço médio do azeite extravirgem subindo 16,2% para embalagens de 500ml e 9,4% para embalagens de 250ml. Ao longo de um ano, os aumentos se demonstraram ainda mais expressivos, atingindo 56,7% para as unidades de 500ml e 46,8% para as de 250ml. 

O cenário é semelhante com o azeite virgem. Em julho deste ano, o aumento em relação a janeiro foi de 19,8% para embalagens de 500ml e 18,2% para embalagens de 250ml. No período de 12 meses vimos uma alta de 53,3% para as embalagens de 500ml e 26,8% para as de 250ml.

— Podemos afirmar que o preço do azeite teve um comportamento de alta contínua durante o período analisado. No Rio de Janeiro, os dados mostram que quando se compara agosto de 2024 com agosto de 2023, o aumento no preço médio por unidade das embalagens de 500ml foi de 50,1%. No Estado do Rio de Janeiro, o preço das embalagens de 500ml de azeite virgem são 1,6% mais caras — disse Anna Fercher, head de Customer Success e Insights da Neogrid.

As explicações

Segundo Anna Fercher, o cenário climático adverso, com excesso de chuva em algumas regiões produtoras no Brasil e no mundo, ao mesmo tempo em que outras experimentaram a seca, afetou negativamente o desempenho dos pomares:

— Além disso, estamos no ciclo bianual de baixa produção das oliveiras, o que tende a reduzir a quantidade disponível para exportação e, por conseguinte, o consumo mundial. Esses fatores combinados contribuem para a expectativa de preços elevados durante esta safra. 

Ainda de acordo com ela, o Rio Grande do Sul, por exemplo, deixou de produzir quase 400 mil litros em 2024. Dados do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva) mostram que a redução foi da ordem de 73% frente à expectativa inicial e de 67% em relação à produção de azeite obtida em 2023.

Diante desse cenário, a expectativa é que o preço do azeite continue subindo porque há ainda a variação cambial, uma vez que cerca de 95% do azeite consumido no Brasil é importado.

— Além disso, as duas últimas safras não foram boas reduzindo a produção como um todo — afirma.

Lacres começaram a aparecer em abril

Em abril, o EXTRA flagrou, pela primeira, lacres antifurtos nos azeites do Mercado Extra do Largo do Machado, no Catete, também na Zona Sul, e no Assaí Atacadista do Shopping Carioca, em Vila da Penha, Zona Norte do Rio. Na ocasião, o Extra Mercado informou se tratar de "um produto de alto valor agregado e que, portanto, segue padrão da Companhia para procedimentos adicionais de proteção".

A rede Assaí Atacadista, por sua vez, disse que "conta com algumas das medidas de segurança mais amplamente utilizadas pelo segmento de varejo alimentar em suas lojas", como a instalação de mecanismos antifurto em diferentes categorias de produtos.