Economia
Economia avança 1,4% no segundo trimestre, bem acima do previsto, diz IBGE
Assim como no primeiro trimestre, crescimento do PIB foi puxado pelo consumo das famílias e pelo setor de serviços
A economia brasileira manteve o ritmo de crescimento do início do ano no segundo trimestre. O Produto Interno Bruto ( PIB, o valor de tudo o que é produzido na economia) cresceu 1,4% sobre os três primeiros meses do ano, informou o IBGE nesta terça-feira.
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Assim como no primeiro trimestre, o consumo das famílias foi o motor da economia pelo lado da demanda. Pelo lado da oferta, tanto o setor de serviços quanto a indústria apresentaram crescimento, apesar dos efeitos negativos da paralisação das atividades no Rio Grande do Sul, por causa das enchentes que atingiram o estado entre abril e maio.
Analistas esperavam um avanço de 0,9% ante o primeiro trimestre, segundo pesquisa do jornal Valor que captou as estimativas de 80 instituições financeiras e consultorias de mercado.
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A continuidade do ritmo de crescimento mais forte em todo o primeiro semestre confirma as revisões para cima nas expectativas para o desempenho da economia neste ano.
Diante dos dados mais recentes divulgados mês a mês, analistas do mercado financeiro já vinham projetando um crescimento anual em torno de 2,5% para 2024, conforme a edição mais recente do Boletim Focus, um compilado de estimativas feito pelo Banco Central (BC).
As projeções vêm sendo revistas para cima desde janeiro. Na primeira edição deste ano, quando nem mesmo o desempenho fechado de 2023 era conhecido, o Focus apontava crescimento anual de apenas 1,6% para 2024.
Força do consumo surpreende
Para a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, a força da demanda das famílias surpreendeu positivamente.
Foi uma combinação entre o mercado de trabalho pujante, com geração de empregos e aumento de salários, e o que economistas chamam de “impulso fiscal”, ou seja, aumento de gastos do governo que injetam mais renda diretamente no orçamento das famílias.
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Esse é o caso do aumento de benefícios vinculados ao salário mínimo, como as aposentadorias do INSS, e dos programas de transferência de renda. O terceiro governo Lula começou mantendo a elevação do benefício do Bolsa Família em R$ 600 por mês, e retomando a política de reajuste do mínimo. Os efeitos dessas medidas parecem estar durando mais do que o imaginado.
— Houve, sim, uma subestimação (nas projeções) do impulso fiscal por todos esses canais — afirmou Alessandra, lembrando que o aumento dos benefícios do INSS que ficam no piso ajuda, principalmente, a renda dos mais pobres. — Outra coisa sempre difícil de captar é o credito.
O crédito seguiu em alta no segundo trimestre. Os juros ainda estavam em nível abaixo do verificado um ano antes — o Banco Central (BC) suspendeu o ciclo de queda na taxa básica Selic (hoje em 10,5% ao ano) em junho, mas, para os tomares finais de empréstimos, o fim do alívio ainda não chegou totalmente.
Desaceleração é esperada
Por isso, apesar das surpresas positivas com o crescimento econômico desde o início da retomada após a crise causada pela Covid-19, muitos economistas esperam uma desaceleração para o segundo semestre.
Alessandra explicou que as próprias regras do arcabouço fiscal não permitiriam manter o ritmo do “impulso fiscal”. Em 2023, o gasto público cresceu bastante em relação a 2022. Este ano, o avanço foi menor, mas ainda com importantes efeitos sobre a renda. Esses efeitos vão naturalmente perdendo força.
Além disso, a partir da segunda metade do ano a interrupção do ciclo de queda da Selic deverá começar a surtir efeito, arrefecendo a demanda tanto das famílias pelo consumo quanto das empresas por investimentos.
“Para o ano fechado esperamos um crescimento de 2,5% considerando um primeiro semestre forte, mas alguma desaceleração na segunda metade do ano”, diz um relatório do banco Itaú, distribuído antes da divulgação dos dados do PIB pelo IBGE. “Os fundamentos mostram que o crescimento da economia deve ser mais moderado adiante. Projetamos crescimento trimestral médio de 0,2% na margem no segundo semestre dados os impulsos fiscal e monetário menores”.
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