Economia
Com pressão no câmbio, Banco Central publica ata do Copom que manteve taxa Selic em 10,50% pela 2ª vez seguida
BC adotou tom mais duro na semana passada em meio a aumento do dólar e expectativas de inflação longe da meta
O Banco Central publicou nesta terça-feira a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, que manteve a taxa Selic em 10,50% ao ano pela segunda vez consecutiva. Na última quarta-feira, o BC adotou um tom mais duro sobre a condução dos juros básicos da economia brasileira, especialmente diante da escalada recente do dólar em meio a questionamentos sobre a política fiscal no país e a evolução da economia global.
Isso colocou de vez no radar do mercado financeiro uma alta da Selic. O detalhamento da ata sobre a visão do BC em relação ao cenário atual não conta com o episódio desta segunda-feira, em que houve forte turbulência nos mercados ao redor do mundo devido a temores com uma possível recessão nos Estados Unidos. Ontem, a moeda americana chegou a tocar em R$ 5,86, mas se acomodou ao longo do dia com dados mais favoráveis de atividade nos EUA e fechou em R$ 5,73.
Nesta reunião, o Copom considerou como ponto de partida para as projeções de inflação a cotação do dólar a R$ 5,55. As expectativas ficaram em 4,2% para 2024, 3,4% para 2025 e 3,2% no primeiro semestre de 2026, foco do trabalho do BC, considerando a Selic constante em 10,50% ao longo do horizonte relevante. O alvo é de 3,0%.
Mas o comitê também incluiu na semana passada o comportamento do câmbio como mais um risco de alta inflacionária, que agora são três, contra dois fatores que podem levar a uma baixa da inflação. Segundo o comitê, entre os riscos de alta estão “uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”.
Por outro lado, entre os riscos de baixa para a inflação, o Copom cita a possibilidade de uma desaceleração maior da atividade global, justamente o que se discute agora com mais força em relação aos Estados Unidos.
“O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional exigem ainda maior cautela na condução da política monetária. Em particular, os impactos inflacionários decorrentes dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação, caso esses se mostrem persistentes, corroboram a necessidade de maior vigilância.”
Em relação à política fiscal, que está sob escrutínio do mercado financeiro e de especialistas, o Copom disse na semana passada que “tem impactado os preços de ativos e as expectativas”. No momento, o governo projeta déficit primário de R$ 28,8 bilhões este ano, no limite inferior da meta, e enfrenta dificuldades para fechar o orçamento do ano que vem.
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, reforçou, no comunicado.
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