Economia
GM vai cortar gastos na Cruise, unidade de carros autônomos
Segundo a CEO Mary Barra, é preciso reconstruir a confiança com os agentes reguladores nos níveis local, estadual e federal dos EUA
A General Motors está desacelerando a expansão de sua divisão de direção automatizada Cruise e cortando significativamente os gastos da unidade após suspender as operações em resposta às crescentes preocupações com a segurança de seus carros sem motorista.
A empresa planejava implantar um serviço de carona em São Francisco e em três outras cidades americanas e começar a testar os veículos Cruise nas ruas de vários outros mercados. Agora, ela planeja se concentrar em apenas uma enquanto trabalha para melhorar a operação de sua frota de veículos sem motorista.
"Esperamos que o ritmo de expansão da Cruise seja mais deliberado quando as operações forem retomadas, resultando em gastos substancialmente menores em 2024 do que em 2023", disse hoje a CEO da GM, Mary Barra, em conferência com investidores. "Devemos reconstruir a confiança com os reguladores nos níveis local, estadual e federal, bem como com os socorristas e as comunidades nas quais a Cruise irá operar".
No mês passado, os órgãos reguladores da Califórnia suspenderam a licença da Cruise para operar no estado após um incidente em que um veículo autônomo da empresa em São Francisco atropelou uma pedestre que já havia sido atropelada por outro carro arrastando-a por seis metros.
A empresa respondeu retirando todos os seus veículos sem motorista das estradas, citando a necessidade de recuperar a confiança do público.
O diretor financeiro da GM, Paul Jacobson, disse que os gastos com a Cruise cairiam em "centenas de milhões de dólares" em 2024, e provavelmente cairiam ainda mais à medida que a empresa revisasse as operações da divisão.
Mary Barra não informou como a queda nos gastos afetaria a força de trabalho da Cruise, dizendo que a empresa forneceria mais detalhes depois de analisar os relatórios de segurança independentes sobre o incidente de São Francisco.
Ao comentar sobre o Cruise, a GM também fez uma atualização geral dos negócios, dizendo que esperava reportar um lucro líquido em 2023 de US$ 9,1 bilhões a US$ 9,7 bilhões - uma faixa ligeiramente inferior às previsões anteriores - após greves que interromperam as operações em três de suas fábricas.
A empresa disse ainda que as greves custaram à empresa US$ 1,1 bilhão em lucro operacional e reduziram sua produção em cerca de 95.000 veículos. Também informou que os novos acordos trabalhistas com o sindicato United Auto Workers e o sindicato Unifor do Canadá - ambos incluindo aumentos salariais substanciais - acrescentariam US$ 500 ao custo de seus veículos norte-americanos em 2024.
Barra afirmou que o aumento nos custos de mão de obra, no entanto, seria "totalmente compensado" pelas medidas de redução de custos que a empresa vem adotando ao longo do último ano.
A GM também disse que compraria de volta até US$ 10 bilhões de suas ações em uma tentativa de aumentar o preço das ações. "Nosso preço é decepcionante para todos", disse Barra. Após o anúncio da GM, os papéis subiram 11% no início do pregão, para mais de US$ 32, embora ainda mal cheguem à metade do preço de dois anos atrás.
Ela também disse que a GM espera aumentar a produção de veículos elétricos significativamente em 2024, depois de encontrar uma demanda menor do que a esperada e atrasos no aumento de sua produção de EV este ano. "Embora a taxa de crescimento seja menor, a demanda por veículos elétricos está claramente se movendo na direção certa", disse ela. "Não há realmente nenhuma razão para que a demanda por veículos elétricos não seja maior nos próximos anos."
Em seu discurso, Barra disse que a GM continua otimista sobre o futuro da Cruise. “O que a Cruise realizou nos oito anos desde que adquirimos a empresa é notável”, disse ela. “Nossa prioridade agora é focar a equipe na segurança, transparência e responsabilidade.”
Fundada em 2013 e comprada pela GM em 2016, a Cruise é uma das várias startups que têm trabalhado no desenvolvimento de carros autônomos com o objetivo de criar um negócio de táxis sem motorista em cidades americanas. Um de seus rivais é a Waymo, de propriedade da Alphabet, controladora do Google.
Mas em São Francisco, autoridades municipais, bombeiros e policiais disseram que os carros sem motorista de Cruise representavam riscos à segurança e causavam congestionamento ao bloquear caminhões de bombeiros, parar no meio de ruas movimentadas e atrasar a resposta dos bombeiros para salvar vidas.
Este mês, Cruise suspendeu um programa de recompra de ações de funcionários após dizer que sua avaliação havia mudado.
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