Economia

De 'gênios' a réus: três principais 'reis das criptomoedas' caíram em 2 anos; entenda

Changpeng Zhao, Sam Bankman-Fried e Do Kwon ficaram famosos e acumularam fortuna antes de serem acusados de fraude e outros crimes

Agência O Globo - GLOBO 22/11/2023
De 'gênios' a réus: três principais 'reis das criptomoedas' caíram em 2 anos; entenda
Changpeng Zhao - Foto: Reprodução

O chefe da Binance, Changpeng Zhao, tornou-se a mais recente figura poderosa do mundo das criptomoedas a cair em um período de dois anos — um período "caótico" mesmo para os padrões da indústria marcada pela volatilidade.

Zhao deixou o cargo de CEO da Binance – a maior exchange de criptomoedas do mundo – depois que ele e a empresa se declararam culpados na terça-feira de violações abrangentes de lavagem de dinheiro nos Estados Unidos e concordaram em multas de mais de US$ 4 bilhões.

Pelo menos três dos executivos de maior destaque no segmento infringiram a lei desde o ano passado. Veja abaixo quem são:

Changpeng ‘CZ’ Zhao

Nascido na China em 1977, Zhao mudou-se com a família para o Canadá na década de 1980 e mais tarde formou-se em ciência da computação pela Universidade McGill, de acordo com seu perfil no Bloomberg Billionaires Index.

Ele fundou a Binance em 2017 em Xangai e liderou o crescimento explosivo da empresa até se tornar a maior bolsa de criptomoedas do mundo.

Uma celebridade declarada no mundo criptográfico com 8,7 milhões de seguidores no X, Zhao se tornou a figura mais rica conhecida na indústria. Seu patrimônio líquido atingiu um pico de cerca de US$ 65 bilhões em 2022, de acordo com a Forbes.

Com o prestígio e a riqueza, veio um maior escrutínio das operações da Binance, à medida que importantes empresas de criptografia em todo o mundo começaram a ceder a uma onda de investigações criminais.

Os Estados Unidos acusaram Zhao e Binance de múltiplas violações, incluindo permitir conscientemente transações a grupos como o Estado Islâmico e em jurisdições barradas como a Coreia do Norte e o Irã.

Na terça-feira, eles se declararam culpados. A empresa concordou com multas totais de quase US$ 4,4 bilhões, enquanto Zhao pagará US$ 50 milhões, de acordo com documentos judiciais.

Zhao renunciou ao cargo de CEO da Binance e, embora supostamente mantenha suas ações na empresa, foi proibido de qualquer envolvimento em seus negócios.

A Forbes listou seu patrimônio líquido em US$ 10,2 bilhões nesta quarta-feira.

Sam Bankman-Fried

Se Zhao era a pessoa mais rica e poderosa em criptografia, Sam Bankman-Fried era facilmente o mais famoso. Filho de professores da Universidade de Stanford, Bankman-Fried formou-se em física pelo MIT.

Em 2019, ele fundou a FTX, que disparou para se tornar a segunda maior exchange de criptomoedas do mundo. Ao longo do caminho, Bankman-Fried construiu sua imagem como embaixador não oficial da indústria de criptomoedas, com aparições de destaque na mídia e até no Congresso dos EUA.

A certa altura de 2022, ele tinha um patrimônio líquido de US$ 24 bilhões, segundo a Forbes.

Mas ele estava trilhando um caminho perigoso: sua equipe usava o dinheiro dos clientes para tudo, desde a compra de imóveis luxuosos até a cobertura de aportes arriscados da afiliada Alameda Research.

Tudo desabou quando essas negociações foram reveladas na mídia em novembro de 2022. Em poucas horas, o rival CZ Zhao disse que a Binance venderia todos os tokens FTX que possuía.

Isso provocou um colapso do império da FTX e de Bankman-Fried. Preso nas Bahamas em janeiro, ele foi considerado culpado este mês pelo que os procuradores dos EUA descreveram como “uma das maiores fraudes financeiras da história americana”. Ele pode pegar até 110 anos de prisão.

Durante o julgamento, o jovem de 31 anos admitiu ter cometido “erros”, mas negou ter tentado fraudar alguém.

Do Kwon

O empresário sul-coreano Do Kwon foi cofundador do Terraform Labs em 2018, desenvolvendo as criptomoedas TerraUSD e Luna.

O graduado de Stanford os comercializou com sucesso como a próxima grande novidade na criptografia, atraindo bilhões em investimentos e entusiasmo global. Reportagens da mídia na Coreia do Sul o descreveram como um “gênio”.

Mas, em maio do ano passado, o valor destas moedas – comercializadas como “stablecoins” – despencou, destruindo cerca de US$ 40 bilhões em investimentos e enviando uma onda de choque ao resto da indústria.

Isso levou a mais de US$ 500 bilhões em perdas adicionais nos mercados globais de criptografia, sugeriram dados da indústria.

Especialistas disseram que Do Kwon – cujo nome completo é Kwon Do-kyung – havia comercializado um esquema Ponzi glorificado. Ousado e franco nas redes sociais, Do Kwon deixou a Coreia do Sul antes do colapso e passou meses foragido.

Ele foi preso em Montenegro este ano depois de ser pego tentando entrar num voo usando documentos de viagem falsos da Costa Rica. Kwon agora enfrenta várias acusações criminais nos Estados Unidos e na Coreia do Sul.