Economia

Passageiros de ônibus e avião pedem providências para verão, após passarem calor nos veículos

Na última semana, empresas receberam queixas, relatos de mal estar e cobranças para melhorar refrigeração ou diminuir lotação

Agência O Globo - EXTRA 22/11/2023
Passageiros de ônibus e avião pedem providências para verão, após passarem calor nos veículos
onibus - Foto: AGENCIA BRASIL

A onda de calor deu uma trégua desde o último domingo, mas o verão de 2023 promete ser de altas temperaturas no país. E com base em experiências da última semana, quando a sensação térmica beirou os 60 graus no Rio, os passageiros de ônibus e aviões pedem providências a empresas de transporte para o estação mais quente do ano.

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Os relatos, publicados em redes sociais, dão conta de mau-estar dos consumidores e até companhia aérea oferecendo vantagens a quem desistisse da viagem, para reequilibrar peso e calor dentro da aeronave. Paulo Araújo, de 38 anos, lembra que viajou no último 12, de São Paulo para o Rio, por volta das 13h, em um ônibus parceiro da Buser. Minutos depois, enviou uma mensagem para a mulher, contando que estava passando mal por conta do calor dentro do veículo.

— Eu sentia dor de cabeça e mal estar. Quando um funcionário foi até a parte de cima do ônibus, eu perguntei se o ar condicionado estava funcionando e ele disse que estava, mas não estava dando vazão. E outras pessoas começaram a reclamar também — diz.

Foram cerca de oito horas de viagem e perrengue. E ao chegar em casa, ele voltou a procurar a empresa, dessa vez pelo canal de atendimento ao cliente, para perguntar se providências seriam tomadas para evitar experiências como as que ele teve. Para Paulo, algumas saídas seriam: buscar parceiros com veículos e ar condicionado mais potentes e até reduzir a capacidade máxima dos ônibus.

No X (antigo Twitter), há queixas similares contra outras viações de ônibus. Um homem que viajou de Araruama ao Rio para ver o show de Taylor Swift, no sábado, escreveu que o ônibus da 1001 fedia e o calor era extremo. Ele chegou a vomitar na viagem nada agradável. Outra passageira, uma mulher, relato que, indo do Rio para Garulhos, na semana passada, o ônibus da viação Útil deu defeito na estrada na ida e tiveram que aguardar socorro na estrada por duas horas. Na volta para o Rio, no sábado, o ônibus estava com o ar condicionado ruim: "60 graus e o inferno são essas empresas", pontuou.

No mesmo dia, a influenciadora digital Camilla de Lucas foi ao Instagram para relatar que seu voo, saindo do Rio, estava atrasado. Mesmo dentro da aeronave, ela esperava a resolução de dois problemas para ver a decolagem acontecer: o excesso de peso e de calor. Segundo ela, a companhia aérea chegou a oferecer vantagens de até R$ 1 mil para quem aceitasse ser colocado em outro voo, para o avião se reequilibrar.

A vendedora Ana Beatriz Carvalho também passou por uma situação difícil em um avião da Gol, no último dia 13. Voltando do show do grupo mexicano RBD, de São Paulo a Salvador, ela sofreu com o calor no interior.

— Quando a gente entrou no avião, percebeu que estava calor. Mas pensamos que poderia melhorar a temperatura após a decolagem e perguntamos para a aeromoça. Aí ela disse que não, pois o ar condicionado não estava funcionando bem mesmo e já tinha feito uma viagem inteira nessas condições — recorda Ana.

O calor agitou mais crianças que compartilhavam o voo com ela, acredita. E não faltou choro de bebê. De acordo com Ana, diante do caos, a equipe da aeronave só tinha água a oferecer, e quente.

Em uma conversa no X (antigo Twitter), duas colegas também trocaram, no último sábado, os relatos de outros voos ruins. Uma delas acrescentou que teve crise de pânico dentro de um avião da Azul por causa do calor. "Nunca vi nada igual", avaliou. Outra afirmou que precisou ir ao banheiro, durante um voo da Gol, jogar água em seu pescoço, para controlar a temperatura corporal.

Procuradas pelo EXTRA para responder se seriam tomadas novas providências para garantir boas experiências de viagem no verão, as empresas de ônibus e companhias aéreas destacaram que já cumprem os requisitos e não adiantaram nenhuma preocupação extra com o calor deste ano.

A Viação Águia Branca afirmou que mantém um cronograma rigoroso de manutenção e investe constantemente na aquisição de novos veículos, com o objetivo de manter a frota constantemente atualizada. E indicou que investimentos de renovação de frota costumam ser feitos neste período, para reforçar a operação no período de alta temporada.

As viações 1001 e Cometa não responderam à solicitação. As assessorias das viações Útil e Sampaio não foram localizadas até o fechamento desta matéria.

A Buser justificou que não encontrou problema no ar condicionado do veículo em que Paulo Araújo viajou. "O que pode ter acontecido é o compartimento de saída do ar estar fechado" alegou. A empresa considerou ainda que não há nenhum questionamento dos demais passageiros reportado na central de atendimento, e que essa mesma viagem recebeu nota máxima por outros usuários.

A Azul garantiu que, desde o início da onda de calor, faz mais atividades preventivas relacionadas ao sistema de ar-condicionado e aumentou a quantidade de água disponível para os passageiros durante as viagens aéreas. "No caso de temperaturas extremas que possam alterar o processo de despacho e decolagem da aeronave, a empresa pode convidar, voluntariamente, para que clientes sejam reacomodados em outros voos. Caso isso aconteça, o cliente recebe toda a assistência necessária, conforme prevê a Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)", expôs.

A Latam negou qualquer alteração em suas operações em função das altas temperaturas. Gol e Avianca não responderam à solicitação de posicionamento.