Economia
Banco Central diz que juros vão continuar caindo em meio ponto, mas ressalta que cresceu a incerteza fiscal
Ata do Copom também diz que 'esmorecimento' pode elevar juro de equilíbrio da economia
O Banco Central divulgou na manhã desta terça-feita a Ata do Comite de Política Monetária (Copom) com novas indicações sobre a política de juros. No documento, referente à reunião da semana passada que cortou os juros para 12,25%, a autoridade monetária reafirma que os cortes acontecerão em meio ponto nas "próximas reuniões". Com isso, pelo menos em dezembro e janeiro a Selic nessa mesma intensidade, para 11,25%.
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Houve, no entanto, um tom mais enfático com relação ao risco fiscal, após o presidente Lula indicar que dificilmente o governo irá cumprir a meta de déficit zero no ano que vem. Na visão do Banco Central, isso aumenta a incerteza e torna a taxa neutra de juros mais elevada.
O BC dá um recado de que o ciclo de cortes de juros pode acabar sendo menor do que o esperado, caso o governo de fato promova essa mudança.
"O Comitê vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta
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"O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade."
O BC vem cotando a Selic há três reuniões, desde agosto, depois de deixar os juros estacionados em 13,75% por um ano. Na última quarta-feira, a redução aconteceu de forma unânime entre os nove diretores do banco. O BC relatou no seu balanço de riscos que o cenário internacional está mais incerto e reafirmou a necessidade de o governo Lula perserguir as "mestas fiscais já estabelecidas".
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"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas."
A redução dos juros reflete a queda dos índices de inflação no país e também a melhora das expectativas. De acordo com o Boletim Focus, o mercado financeiro estima que o IPCA vai encerrar o ano em 4,63%, dentro do limite de tolerância da meta (4,75%). Para 2024, a projeção está em 3,91%, e, para 2025, em 3,5%, também dentro da margem.
Ao justificar a decisão na última semana, o BC destacou que o Copom entende que “essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025, diz o texto.
O mercado financeiro estima que a Selic irá terminar 2024 em 9,25% e chegará ao final de 2025 em 8,75%. O risco de alteração da meta fiscal do ano que vem, com um enfraquecimento do arcabouço fiscal, pode fazer com que o BC seja mais conservador ao cortar a Selic a partir de janeiro.
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