Economia
Reforma Tributária: após empenho de Lula e entrega do relatório, veja os próximos passos no Senado
Encontro do presidente com os líderes, ontem, foi uma tentativa de sensibilizar senadores pela aprovação do texto. Texto deve ser votado hoje na CCJ da Casa e siga para apreciação do plenário amanhã
Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunir com os líderes de partidos da base no Senado, ontem, para destravar a Reforma Tributária, o texto deve ser votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa hoje. Será o primeiro passo antes da votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que altera o sistema de impostos sobre o consumo.
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Se aprovado na CCJ, o texto vai a plenário na quarta-feira, prometeu o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A PEC tem de ser aprovada por 49 dos 81 senadores, em dois turnos. Como o texto foi modificado, terá de passar por uma nova votação na Câmara dos Deputados para então ser promulgada.
O encontro de Lula com os líderes, ontem, não estava previsto na agenda do petista. Foi uma tentativa de garantir a aprovação.
Além dos líderes e do relator da Reforma Tributária, Eduardo Braga (MDB-AM), participaram do encontro os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
A reunião também foi convocada para discutir a pauta de votações no Senado até o fim do ano. A Casa vai apreciar os nomes de dois indicados para assumirem a diretoria do Banco Central: os economistas Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira. O governo também conta com a aprovação do projeto que estabelece a taxação dos chamados fundos exclusivos (voltados para alta renda no Brasil) e offshore (no exterior).
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Estava prevista para quarta-feira uma reunião de Lula com lideranças do Senado e presidentes de partidos da base. Um dos objetivos era justamente ajustar o caminho para a aprovação da Reforma Tributária. Com o encontro de ontem, auxiliares do presidente não sabem se a reunião de amanhã vai acontecer.
Prêmio para estados
Num dos movimentos para destravar a votação, o relator deve incluir em seu parecer mecanismo para premiar estados e municípios que ampliarem a arrecadação ao longo do período de transição para o novo sistema tributário.
A intenção é evitar o chamado “efeito carona”, que permitiria aos governos estaduais e municipais manterem patamar de receitas semelhante ao atual independentemente de esforço para fiscalizar o cumprimento da nova legislação ou do seu desempenho econômico.
A mudança será feita na transição da troca da cobrança do imposto na origem (onde bens e serviços são produzidos) para o destino (onde ocorre o consumo), que vai durar 50 anos.
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O parecer da Reforma Tributária no Senado será votado na CCJ hoje. O relator vai negociar até a última hora alterações no texto antes da análise do colegiado. Parte dos senadores e o governo apelam a Braga para diminuir as exceções à cobrança de alíquota padrão.
O Ministério da Fazenda estima que o número elevado de regimes especiais pode levar à necessidade de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de até 27,5%.
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Em evento em São Paulo na manhã de ontem, Haddad disse que a mudança no sistema de tributos brasileiro terá impacto sobre a produtividade como se nunca viu no Brasil:
— Nosso sistema tributário é ingovernável e caótico. A Reforma Tributária que está sendo votada não é a ideal, mas tem nota entre 7 e 7,5.
As negociações em torno da Reforma Tributária mobilizaram as lideranças do Senado ontem. Antes do encontro com Lula, os líderes do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), e no Senado, Jacques Wagner (PT-BA), se reuniram com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União-PA). Braga e Padilha também participaram.
‘Mais negociado possível’
Em participação virtual em um evento do mercado financeiro, Pacheco afirmou que é importante que o texto, que tem mais de 700 emendas propostas, chegue à CCJ hoje o “mais negociado possível”:
— Apreciado na CCJ e pronto na CCJ, encaminharemos ao plenário. A pauta prevista para o plenário é na próxima quarta-feira (amanhã), sem prejuízo de reservarmos a quinta-feira caso seja necessário prolongar a apreciação da Reforma Tributária.
Sobre a alíquota padrão estimada em até 27,5%, Pacheco ressaltou que há, no texto do relator, a previsão de uma limitação da arrecadação através de uma fórmula que atrela a incidência do imposto ao crescimento do Brasil, do Produto Interno Bruto (PIB):
— Há uma preocupação do Senado Federal de se ter uma limitação de crescimento da alíquota. Se a alíquota será 27%, 28%, 27,5%, 26%, isso é uma definição que será feita na sequência, através dos desdobramentos próprios das leis complementares que a emenda constitucional exige.
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O relator Eduardo Braga passou o dia de ontem em reuniões, uma delas com o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB). Ele também conversou com o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da Reforma Tributária na Câmara, para onde a proposta voltará.
Entre as alterações de maior destaque, descritas no último relatório de Braga, estão a criação de uma alíquota reduzida em 30% do imposto padrão para profissionais liberais, como médicos, advogados e engenheiros.
O senador também instituiu um novo tipo de alíquota para a cesta básica. Além da alíquota zerada, sugerida pela Câmara dos Deputados, haverá uma alíquota reduzida em 60% para produtos da chamada “cesta estendida”. A lista detalhada será determinada em lei complementar.
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