Economia
Com juros a 12,25%, veja quais as opções para investir
Apesar de redução, analistas ainda observam boas oportunidades na renda fixa. Crédito privado e renda variável também são opções, mas exigem maior cuidado por parte do investidor
Após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltar a cortar a taxa básica de juros nesta quarta-feira, os investidores podem começar a se questionar se ainda vale a pena manter seus investimentos na renda fixa, que ganhou bastante atratividade nos últimos anos.
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A piora de cenário no exterior e os recentes riscos fiscais também adicionam dúvidas sobre qual é a melhor alocação no momento.
Para especialistas, a renda fixa deve continuar apresentando bons retornos, uma vez que os juros ainda se mantêm em patamar elevado e a inflação vem desacelerando.
— O movimento de corte de juros tem sido mais gradual e a renda fixa vai continuar atraente por um tempo ainda maior. O CDI ainda está alto e deve continuar assim por mais 18 meses a 24 meses. Mesmo como os cortes, não vejo tanto espaço para a Selic cair de forma muito relevante e rápida – destaca a head de alocações da Blackbird Investimentos, Marina Renosto.
Sendo assim, a avaliação é que o investidor não abandone a renda fixa agora. Para aqueles que aceitam tomar mais risco, o aumento de aplicações na renda variável começa a ser uma opção, mas deve ser feito com cautela e a depender dos objetivos e prazos de cada investidor.
piora do cenário no exterior e a mais recente deterioração da percepção fiscal interna pressionaram a Bolsa, mesmo com o ciclo de cortes de juros já em andamento.
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A tendência é que a Selic continue a cair nas próximas reuniões, mas o mercado já começa a enxergar menos espaço para reduções mais agressivas.
Com o corte de 0,50 ponto percentual desta quarta-feira, a taxa está em 12,25%. O boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central (BC) com as expectativas de agentes de mercado, projeta a Selic a 11,75% no fim deste ano. Mas as estimativas para o término de 2024 passaram de 9% para 9,25% e, podem voltar a subir.
Onde investir?
Especialistas continuam vendo boas opções nos títulos pós-fixados, que acompanham a taxa de juros, e nos indexados à inflação, que pagam uma taxa fixa mais a variação da inflação no período.
São os casos dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), títulos do Tesouro Selic, IPCA +, além letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do agronegócio (LCAs).
No crédito bancário, o risco de calote dos títulos emitidos pelos bancos privados sempre existe, mas o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) oferece proteção até o limite de R$ 250 mil por CPF por instituição financeira.
Para aqueles que buscam objetivos de curto e médio prazo, os investimentos atrelados à Selic e ao CDI seguem na mesa. Além de bom retorno, esses títulos têm maior liquidez, sendo mais adequados para a formação de reserva de emergência.
Os títulos atrelados à inflação também oferecem maior segurança em um cenário marcado por incertezas quanto ao cenário fiscal interno nos próximos anos. Essa classe pode ser mais indicada para estratégias de médio e longo prazo, já que possuem uma volatilidade maior do que os indexados ao CDI.
— Nossa recomendação está na classe de pós-fixado, que tem sempre seu papel de segurança por acompanhar a taxa de juros da economia e trazer estabilidade para a carteira. São investimentos para as alocações de curto prazo por terem alta liquidez e serem adequados para reserva de emergência – destaca o planejador financeiro do C6 Bank, Rafael Haddad.
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E os prefixados?
No caso dos prefixados, que pagam uma taxa determinada no momento da aplicação, os riscos são maiores, mas ainda há quem veja opções. Isso porque, há o risco de a Selic cair mais lentamente do que o esperado e o investidor acabar preso em um papel que rendeu menos do que a taxa básica de juros.
Para Haddad, do C6 Bank, as oportunidades nessa classe estão pagando retornos menores.
— No longo prazo, carrega um risco muito alto da taxa de juros ficar acima das taxas que estão hoje precificadas no título, e o investidor pode ter o custo de oportunidade de ter travado uma taxa prefixada — afirma.
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Já o estrategista de Investimentos do Santander, Samuel Ferrarezi, avalia que as recentes mudanças nas condições de mercado, como o início da guerra no Oriente Médio e a escalada dos juros de longo prazo americano, abriram espaço para tomada de posição nessa classe, com prazos em torno de dois anos.
— As incertezas geraram oportunidade para quem não formou posição antes, formar agora — avalia.
É justamente pelo fato de ser difícil mensurar qual será o ritmo de cortes da Selic e em qual patamar ela vai se estabilizar que a diversificação entre os ativos se mostra importante.
Crédito privado volta a ter opções
Os analistas ainda observam que há boas oportunidades no mercado de crédito privado. Após um início de ano bastante negativo em meio aos problemas corporativos, esse mercado já apresenta melhora, com aumento do número de ofertas e diminuição dos spreads.
— Conforme a taxa de juros diminui, vemos empresas vindo a mercado soltar novas emissões de dívidas com taxas atraentes — destaca Ferrarezi.
Nesses casos, os especialistas recomendam comprar papéis de empresas com histórico consolidado e bom rating.
— O começo desse ano foi um exemplo de como não podemos olhar só a taxa, mas precisamos entender a empresa, o setor em que ela atua e como está a situação financeira dela — disse Marina.
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Multimercados
Em relação aos fundos multimercados, que sofreram perdas ao longo este ano, com uma série de resgates, o estrategista do Santander avalia que os investidores devem diversificar entre as opções oferecidas nessa classe.
— Estamos neutros, mas aconselhamos que se tenha uma exposição. Especialmente aqueles com viés macroeconômico e os que tenham alguma exposição nos EUA.
Renda variável
Com o andamento da queda de juros, é inevitável que o investidor volte os olhos para a renda variável, que sofreu nos últimos anos em meio ao avanço dos juros, com uma onda de saques dos fundos de ações e queda dos ativos.
A perspectiva de queda da Selic já havia causado um impacto positivo nos ativos ainda no final do primeiro semestre.
Nos últimos meses, no entanto, a Bolsa tem sofrido com o cenário externo mais desafiador, com o avanço dos títulos públicos americanos e pelas incertezas internas de forma mais recente. Em outubro, por exemplo, o Ibovespa, principal índice da B3, caiu 2,94%.
Os especialistas destacam que não é apenas juros baixos que elevam a Bolsa. Ainda há dúvidas sobre como as medidas de busca de arrecadação do governo podem impactar as empresas e como será a continuidade da dinâmica de atividade macroeconômica.
— A Bolsa está caindo por reflexo de todo o risco do cenário. O que o investidor precisa ver é se isso se reflete nos fundamentos das empresas que ele tem na carteira ou que pensa em comprar, ou se é só uma volatilidade ou aversão a risco no geral – disse Marina.
Ferrarezi, do Santander, destaca que a tendência é que o Ibovespa caminhe em direção positiva até o próximo ano, ainda que a volatilidade seja esperada.
— Não será um crescimento linear. O fiscal é uma preocupação constante e o governo buscando fontes de arrecadação.
O analista da Nova Futura Investimentos, Bruna Sene, ressalta que a inflação doméstica baixa, e a continuidade dos cortes na taxa Selic não são motivos suficientes para justificar uma alocação mais arrojada.
— Acredito que o momento é de manter uma carteira equilibrada, um pouco mais defensiva, e composta por ativos de qualidade, setores menos cíclicos e alguns ativos ligados a commodities estratégicas.
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