Economia
Fed, banco central americano, deve manter juros inalterados nesta quarta-feira
Taxas estão no maior patamar desde 2001. Atenção dos investidores se volta para sinalizações sobre fim do ciclo, em meio a atividade econômica resiliente
O Federal Reserve, banco central americano, deve manter os juros inalterados nesta quarta-feira. Com isso, o mercado deve ficar atento a possíveis indícios sobre os próximos passos da instituição a fim de saber se novos aumentos das taxas seguem na mesa.
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Os dirigentes do Fed aumentaram as taxas de juros de forma acelerada desde março de 2022 com o objetivo de combater a inflação. O atual intervalo, entre 5,25% a 5,5%, é o maior desde 2021.
Na reunião de setembro, quando não elevou as taxas, o BC deixou a porta aberta para novos aumentos, mas, recentemente, os próprios membros suavizaram o discurso, o que consolidou o cenário de manutenção.
— A probabilidade maior é de uma manutenção. Temos que ficar atentos para o posicionamento deles sobre novas altas, com a possibilidade de um tom mais duro – destaca o sócio da One Investimentos, Lucca Ramos.
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Juros altos por mais tempo
A questão agora para os investidores é saber se o Fed julgará necessário realizar um novo aumento de 0,25 ponto percentual na reunião de dezembro ou no início do próximo ano. E se caso o ciclo se encerre, por quanto tempo as taxas permanecerão em patamar elevado.
— A economia americana continua resiliente. O Fed não deve subir a taxa de juros, mas o comunicado deve ser hawkish (favorável à retira de estímulos), deixando aberto uma possível alta residual de 0,25 ponto percentual – destaca o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti.
Na avaliação do Bank of America (BofA), o BC americano ainda deve realizar mais uma alta de juros em dezembro devido a contínua resiliência econômica. Para eles, o presidente do Fed, Jerome Powell, irá reforçar o tom de cautela em seu discurso.
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O BofA espera que o Fed continue a dar ênfase na dependência de dados para a tomada de decisões à frente.
“É provável que Powell afirme que a Fed está a ‘proceder com cuidado’ e está consciente do aperto financeiro, que não vê como um reflexo das expectativas de política monetária. As únicas alterações que esperamos na declaração do Fed são as descrições da atividade econômica atual, que devem ser atualizadas para refletir os dados recentes robustos”, destacam os analistas do banco, em relatório.
A inflação no país até tem demonstrado sinais de desaceleração. O índice de preços de gastos com consumo (PCE, da sigla em inglês) avançou 3,4% em setembro, estável em relação aos dados de agosto e julho, segundo o do Departamento de Comércio.
O núcleo do índice, que exclui componentes voláteis de energia e alimentos, subiu 3,7%, abaixo dos 3,8% registrados em agosto. Os números vieram dentro do esperado, apesar de estarem distantes da meta de 2% do Fed.
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Atividade resiliente
Ainda assim, surpresas positiva na economia têm deixado o caminho do BC no fim de seu ciclo monetário menos óbvio para os agentes. Na semana passada, o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre subiu 4,9%, e os indicadores referentes ao mercado de trabalho seguem fortes, com uma taxa de desemprego em patamares historicamente baixos.
Com isso, há incertezas sobre o real nível de aperto da política monetária, questão já levantada pelo próprio Powell.
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Nas últimas semanas, as taxas de juros dos Treasuries de longo prazo atingiram níveis não vistos desde 2007. Em tese, o movimento poderia ajudar o trabalho do Fed ao contribuir para o aperto das condições financeiras.
Powell e outros dirigentes do BC já afirmaram que isso poderia reduzir a necessidade de mais aperto nos juros, mas não descartaram novas elevações.
— Os juros devem ficar altos por mais tempo, porque o consumo e o mercado de trabalho seguem fortes, mesmo com os Treasuries atingindo máximas — avalia Bertotti.
Nesse sentido, manter as taxas inalteradas nesta quarta-feira dará mais tempo para o Fed avaliar os indicadores econômicos que ainda serão divulgados, sem falar nos desdobramentos do atual cenário global conturbado, com tensões geopolíticas com a China e a guerra no Oriente Médio.
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